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PF: áudio mostra que Bolsonaro usou Abin para blindar Flávio em rachadinha

Atualizado: 15 de jul.


A Polícia Federal encontrou uma gravação de áudio no computador do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem que revela uma reunião entre Ramagem e Jair Bolsonaro (PL), na qual tratavam de um plano para proteger o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) das investigações sobre desvios de recursos públicos no caso das rachadinhas.


Além de Ramagem, participaram da reunião com Jair Bolsonaro o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e uma advogada de Flávio. O encontro ocorreu em 25 de agosto de 2020. Em 2021, a apuração sobre as rachadinhas foi anulada pela Justiça.


O áudio consta em relatório elaborado pela PF e divulgado nesta quinta-feira 11 em meio à quarta etapa da Operação Última Milha, que investiga o uso ilegal da agência de inteligência pelo bolsonarismo, em esquema que ficou conhecido como “Abin paralela'.


A gravação tem 1 hora e 8 minutos e está sob segredo de Justiça. Segundo a PF, agentes que participavam do esquema realizaram o monitoramento de três auditores da Receita Federal responsáveis pelo relatório fiscal que baseou a investigação.


No áudio, o então presidente da República teria dado seu aval ao plano de Ramagem para abrir procedimentos contra os auditores fiscais da Receita Federal que investigavam o desvio de parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio, quando ele era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no esquema conhecido como rachadinha.


"Neste áudio, é possível identificar a atuação de Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da Receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar os auditores de seus respectivos cargos", aponta o relatório.


A investigação da Polícia Federal concluiu que os assuntos tratados na conversa gravada se concretizaram e provam que a estrutura da Abin foi utilizada em defesa dos interesses pessoais de Jair Bolsonaro, configurando abuso de poder e desvio de função. Em 2020, um dos três auditores foi exonerado pelo governo.


"As ações tratadas no áudio, segundo fontes abertas, se concretizaram, razão pela qual é elemento de prova que corrobora a atuação da estrutura paralela no interesse do núcleo político", afirmaram os investigadores.


Essa nova prova foi apresentada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para a deflagração da quarta fase da operação Última Milha, cujo objetivo é desarticular organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e jornalistas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de órgão oficial de investigação vinculado à Presidência da República.


Defesa

Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro disse que não tinha relações com a Abin e que a divulgação do relatório de investigação foi feita para prejudicar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio.


“Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro", disse.

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