PF indicia Bolsonaro por fraude em cartão de vacinação
- Da Redação
- 19 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta terça-feira (19) o ex-presidente Jair Bolsonaro por suspeita de fraude em cartão de vacinação para covid-19 e associação criminosa. Em janeiro, a Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que é falso o registro de imunização contra a doença que consta do cartão de vacinação de Bolsonaro.
Além de Bolsonaro, foram indiciados, por suspeita de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação, o ex-ajudante de ordens tenente coronel Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e mais 14 pessoas.
No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com os indiciamentos, a PF destaca o trecho do depoimento de Mauro Cid em que ele afirma “QUE confirma recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha LAURA BOLSONARO; QUE esses certificados foram impressos e entregue em mãos ao presidente”.
Consta ainda no relatório da PF que "o colaborador MAURO CESA BARBOSA CID afirmou que o então Presidente da República ao tomar conhecimento de que MAURO CESAR CID possuía cartões de vacinação contra a Covid-19 em seu nome e em nome de seus familiares, ordenou que o colaborador fizesse as inserções para obtenção dos cartões ideologicamente falsos para ele e sua filha LAURA”.
As investigações da PF apontaram também que os documentos de imunização no aplicativo ConecteSUS foram emitidos a partir do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. E as emissões ocorreram nos dias 22, 27 e 30 de dezembro de 2022. Jair Bolsonaro viajou para a Flórida, nos Estados Unidos, no dia 30, horas depois do acesso ao sistema pelo Palácio e antes mesmo do fim de seu mandato.
Os dados atuais do Ministério da Saúde, que aparecem no cartão de vacinação, apontam que o ex-presidente se vacinou em 19 de julho de 2021 na Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Peruche, na zona norte de São Paulo. A CGU, no entanto, constatou que Bolsonaro não estava na capital paulista nessa data e que o lote de vacinação que consta no sistema da pasta não estava disponível naquela data na UBS onde teria ocorrido a imunização.
Em seu perfil na rede social X, antigo Twitter, o advogado de Bolsonaro Fabio Wajngarten criticou a divulgação do indiciamento. “Vazamentos continuam aos montes, ou melhor aos litros. É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial”, escreveu. O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF, decidiu por retirar o sigilo do caso nesta terça-feira (19).
Também estão entre os indiciados pela PF, o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, e Ailton Gonçalves Barros, militar que concorreu a deputado estadual no Rio pelo PL em 2022.
O crime de associação criminosa prevê pena de um a três anos de prisão; o de inserção de dados falsos em sistema de informações, de dois a 12 anos.
Esta foi a sétima vez que Mauro Cid esteve na Polícia Federal. Em três delas, ficou em silêncio. Após firmar acordo de delação premiada, o coronel passou a responder a todas as perguntas feitas nos últimos quatro interrogatórios.
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