PF pede investigação de compra de mansão por ex de Bolsonaro
A Polícia Federal (PF) solicitou à Justiça Federal nesta quarta-feira (31) a abertura de uma investigação contra a ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL) Ana Cristina Valle para apurar a legalidade da compra de uma mansão em Brasília que até o ano passado ela dizia alugar. Não há registro oficial em cartório, no entanto, que ela tenha comprado o imóvel desde então.
Ana Cristina Valle concorre a deputada distrital em Brasília pelo PP-DF, com o nome de Cristina Bolsonaro. Ao declarar seu patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela informou ser dona da mansão e que o imóvel vale R$ 829 mil. No entanto, não há registro de que ela tenha comprado o imóvel, de acordo com dados do 1º Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal, onde a casa está registrada.
De acordo com a escritura oficial, a mansão foi comprada em maio de 2021, por R$ 2,9 milhões, pelo corretor de imóveis Geraldo Antônio Machado.
A existência da propriedade foi revelada em agosto do ano passado, em uma reportagem do UOL, mostrando que Ana Cristina e Jair Renan Bolsonaro, filho dela e do presidente, haviam se mudado para a mansão. Na época, questionada sobre se era dona do imóvel, Ana Cristina Valle negou. "Claro que não", disse na ocasião, afirmando que pagava para morar no local.
O pedido de investigação da PF tem como base um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que aponta que a compra do imóvel, localizado em área nobre no Lago Sul de Brasília, é incompatível com a renda de assessora parlamentar, de cerca de R$ 6.200 por mês. Até junho, Ana Cristina atuou como assessora da deputada federal Celina Leão (PP-DF).
'Em nome de laranjas'
Há um ano, o ex-funcionário Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, que trabalhou por 14 anos com o clã, revelou que a mansão foi registrada em em nome de laranjas.
Em entrevista à época, Marcelo afirmou que Ana Cristina comprou a mansão por meio de laranjas com quem firmou um contrato de gaveta para que eles repassem o imóvel para seu nome após o encerramento do financiamento.
Segundo ele, o esquema tinha o objetivo de não chamar a atenção da imprensa para a compra de mais uma mansão pelo clã após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pagar cerca de R$ 6 milhões em outra mansão também em área nobre na capital federal.
Marcelo disse ainda que chegou a ser nomeado como funcionário fantasma no gabinete de Flávio Bolsonaro no esquema das rachadinhas em 2007, quando atuava como uma espécie de babá de Jair Renan.
Segundo ele, era Ana Cristina quem recolhia o dinheiro das rachadinhas nos gabinetes dos filhos do atual mandatário do Planalto, Flávio, na Alerj, e Carlos Bolsonaro, na Câmara de Vereadores do Rio. Ele, inclusive, tinha que dar 80% do que recebia a Ana Cristina e afirma que ter entregado R$ 340 mil a ela, num período de quatro anos que ele foi lotado na Alerj.
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