Pias do Bem ajudam moradores de rua a evitar coronavírus
Ficar em casa e lavar as mãos são dois preceitos básicos de prevenção contra a Covid-19. Procedimentos inviáveis, porém, para os moradores rua. Pensando nisso, a engenheira Ana Paula Rios teve a ideia de criar pias móveis que podem ser instaladas em qualquer lugar. Com a parceria de Aline Pinheiro, ela desenhou o primeiro protótipo. Depois, juntaram-se ao grupo Layla Lima, Renata Ciannella, Carolina Lopes e Beta Olivier, que ficaram responsáveis pela produção das peças. Assim surgiu o projeto Pia do Bem, que hoje tem mais de cem unidades, apoiadas por patrocinadores, funcionando em diferentes bairros do Rio de Janeiro.
Em 15 dias e com a ajuda de uma centena de voluntários, a equipe produziu e distribuiu cem Pias do Bem. O centro da cidade, que concentra o maior número de moradores de rua, é o local com mais unidades instaladas.
O sistema é simples: uma caixa vertical de madeira reciclada é equipada com pia, torneira, detergente e papel toalha. Na parte de trás da estrutura, há um reservatório que precisa ser abastecido com água limpa, em média, duas vezes por dia, rendendo cerca de 4,5 mil lavagens por mês.
Colaboração é a palavra-chave para o êxito do projeto. A engenheira e sua equipe constroem e instalam o sistema, mas alguém na comunidade fica responsável pela manutenção e limpeza do equipamento, pelo abastecimento com água tratada e pela reposição do sabão e do papel toalha.
Antes de se envolver na construção das pias, Ana Paula vinha desenvolvendo outra proposta semelhante: o Banho da Alegria. Porém, a instalação de chuveiros itinerantes para moradores de rua que ela havia planejado foi inviabiliza pela pandemia do novo coronavírus. Surgiu, então, a ideia de ajudar a população em situação de rua a lavar as mãos.
As Pias do Bem fazem enorme sucesso entre os usuários e têm o apoio de instituições como a Defensoria Pública do Rio de Janeiro e a Defensoria da União, cujas sedes possuem pias instaladas na calçada. Ana Paula também conta com o apoio do Sindicato dos Servidores Públicos das Justiças Federais (Sisejufe), e de comerciantes de produtos essenciais, cujas lojas têm permissão de funcionar durante o isolamento social e que se tornaram colaboradores.
Cada uma custa, em média, 4 centavos, e não há prazo para retirada das estruturas. Materiais como sabão e toalhas de papel são doadas por colaboradores do projeto.
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