Por uma imprensa plural em um novo mundo multipolar
Por Luiz Augusto Erthal
Editor Executivo do TP
O Toda Palavra toma parte, nessa virada de ano, em dois importantes momentos de afirmação internacional de um olhar jornalístico plural e receptivo à nova ordem mundial multipolar que se impõe com a ascenção política e econômica dos BRICS - a partir de janeiro, um bloco de 11 países representando o sul global que detém mais de 50% da produção de petróleo do planeta, entre outras riquezas econômicas e culturais.
O primeiro, no dia 11 de dezembro, foi a participação, como finalista, do jornal na cerimônia de premiação do concurso internacional de projetos de informação para a mídia estrangeira - o prêmio de mídia "Olhar Honesto" (The Honest View Media Award), organizado com apoio da agência de notícias russa Tass e da TV BRICS. O outro, para o qual o TODA PALAVRA foi convidado na condição de delegado, é a realização da “Nova Operação Verdade”, em janeiro, em Havana, no bojo das comemorações dos 65 anos de criação da agência de notícias cubana Prensa Latina.
O atrelamento da imprensa ocidental ao poder já agonizante do velho imperialismo atlanticista é incompatível com o conceito de multipolaridade contido na nova ordem econômica que se desenha cada dia mais vigorosamente. Na mesma medida, o dólar perde gradativamente a sua condição de moeda comercial e os Estados Unidos acumulam derrotas - inclusive nos campos de batalha - e renunciam definitivamente, com o seu apoio irrestrito ao genocídio dos palestinos em Gaza, à imagem surrada de defensores da democracia e da liberdade.
Tive a oportunidade de expor parte dessa visão ao diretor do Centro de Informações das Nações Unidas em Moscou, Vladimir Kuznetsov, cujo escritório foi aberto em 1948, pouco depois criação da própria ONU. Eu integrava um grupo de jornalistas dos BRICS na capital da Rússia durante evento promovido pela TV BRICS, parceira do TODA PALAVRA, em julho deste ano, quando fomos recebidos por ele e seu staff. Na ocasião, citei o caso do Brasil, onde a grande mídia se alimenta - e realimenta de informação viciada os seus leitores - basicamente do conteúdo gerado pelas agências de notícias ocidentais atlanticistas como exemplo de um país BRICS que, no discurso oficial, defende um mundo multipolar, mas cuja imprensa só consegue enxergar, com sua visão míope, um único pólo de uma realidade geopolítica decadente.
Está clara a contradição. Nenhum dos jornalões e das redes de televisão brasileiros tem sequer um correspondente, hoje, em Moscou - uma das cidades mais importantes do mundo no sentido do interesse jornalístico, por sua posição geopolítica dominante em muitos aspectos. Na contramão da grande mídia, desde setembro último, o TODA PALAVRA passou a contar com uma colaboradora-correspondente na capital russa, que vem, com seus artigos, fortalecendo a preocupação do jornal de trazer para os seus leitores informações colhidas diretamente da fonte nos países BRICS e no sul global, e não o conteúdo contaminado e tendencioso das agências ocidentais.
O esforço empreendido pelo jornal vem sendo reconhecido internacionalmente. O “Sons da Rússia”, primeiro programa do rádio brasileiro exclusivamente de música russa de concerto, transmitido semanalmente pela Rádio Toda Palavra (www.radiotodapalavra.com.br) às segundas-feiras, às 22 horas, foi destaque no Festival Internacional Rádio Sem Fronteira, realizado em Tulsa, Rússsia, em setembro. Agora, na semana passada, retornei a Moscou para participar da cerimônia de premiação do concurso de matérias jornalísticas "Olhar Honesto" (The Honest View Media Award), onde um juri russo de alto nível analisou e contemplou as melhores reportagens de veículos estrangeiros não contaminados pela russofobia que domina a maior parte da mídia ocidental. Minha reportagem sobre a Sibéria ("Sibéria, um lugar onde tudo é grandioso, épico e absoluto"), publicada em agosto, foi selecionada entre mais de 250 trabalhos de jornalistas de 51 países como um dos finalistas na categoria Desenvolvimento Territorial.
Em janeiro também estarei representando, em Havana, Cuba, não só o TODA PALAVRA, mas o próprio jornalismo independente brasileiro, a convite da Prensa Latina, no congresso denominado "Nova Operação Verdade", reeditando a "Operação Verdade" convocada por Fidel Castro em 1959, no bojo da Revolução Cubana, quando 400 jornalistas de todo mundo foram convidados para conhecer de perto o levante libertador do povo cubano e desconstruir a retórica anticastrista da mídia ocidental. Foi quando nasceu a Prensa Latina, cujo aniversário de 65 anos estaremos comemorando e reafirmando o compromisso do TODA PALAVRA com a construção do jornalismo independente e plural que a nova ordem global multipolar nos exige.
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