Povo vai às ruas do país pela democracia
Neste domingo (31), pelos menos três capitais brasileiras - São Paulo, Rio de Belo Horizonte - registraram atos a favor da democracia e contra o governo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Em São Paulo, centenas de manifestantes participaram do ato na Avenida Paulista. A manifestação foi convocada por torcidas antifascistas de futebol e liderada pela Gaviões da Fiel, do Corinthians. Ao final da manifestação, houve cenas de violência e confronto com repressão policial. Pelo menos três pessoas foram detidas. Um grupo de manifestantes a favor do presidente Jair Bolsonaro também esteve presente na região e foi isolado pela polícia militar. Uma manifestante bolsonarista chegou a ser escoltada por policiais após surgir com um taco de beisebol entre os manifestantes contra o governo Bolsonaro. No Rio de Janeiro, uma torcida organizada do Flamengo também realizou um ato pela democracia no bairro de Copacabana. Assim como em São Paulo, a manifestação foi dispersada pela polícia com uso de bombas de efeito moral. Manifestantes pró-Bolsonaro também estavam na região e foram isolados por policiais a fim de evitar confrontos. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, manifestantes também foram às ruas convocados por torcidas organizadas. Manifestação no Rio de Janeiro pede fim da violência policial Outra manifestação ocorreu neste domingo (31) em frente à sede do governo estadual do Rio de Janeiro contra a crescente violência policial no estado em meio à pandemia da Covid-19. Os manifestantes se organizaram para levar em conta medidas de distanciamento social e uso de máscaras. O protesto "Vidas negras importam" durou cerca de 40 minutos e reuniu aproximadamente 400 pessoas.
A polícia militar tentou dispersar um grupo reunido na Rua Paissandu, que estava bloqueando o tráfego. Porém, a aproximação dos agentes foi acompanhada pela chegada de um grande número de pessoas. Os policiais passaram a usar bombas para forçar a dispersão dos manifestantes, que responderam arremessando pedras.
João Pedro
A manifestação "Vidas negras importam" ressaltou como caso emblemático da violência policial a morte do adolescente João Pedro Pinto, de 14 anos. De acordo com testemunhas, João Pedro foi baleado durante operação policial contra traficantes no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no começo de maio. Três policiais civis investigados pelo assassinato foram à Delegacia de Homicídios da região, na semana passada, e mudaram drasticamente suas versões em relação ao primeiro depoimento.
A manifestação denuncia o aumento da violência policial nas regiões mais pobres da cidade em meio à pandemia da COVID-19. Em abril, mesmo durante a quarentena contra o novo coronavírus, houve recorde das chamadas "mortes por intervenção de agente do Estado", as mortes de civis causadas pela polícia. Ao longo do mês de abril, o primeiro mês completo sob quarentena, foram 177 mortes causadas pela polícia no estado, segundo os dados do Instituto de Segurança Pública de Rio de Janeiro. Com o resultado, esse foi o mês de abril com mais mortes desde o início da série histórica, em 2003. O mês de abril de 2020 também foi o segundo com mais mortes causadas pela polícia no história do Rio de Janeiro, atrás apenas de julho de 2019, quando foram mortas 195 pessoas pela polícia.
Bolsonaro vai a ato antidemocrático
Também neste domingo (31), o presidente brasileiro Jair Bolsonaro participou de manifestação em Brasília a favor do próprio governo. Os manifestantes carregaram faixas com pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar.
A manifestação chegou à Esplanada dos Ministérios em carreata e dirigiu-se à Praça dos Três Poderes. O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a manifestação de helicóptero e acenou para os manifestantes. Após sobrevoar a manifestação, Bolsonaro foi caminhando para a frente do palácio do Planalto e se aproximou dos manifestantes que estavam atrás do cercado. Diversos apoiadores bolsonaristas carregavam faixas e mensagens pedindo o fechamento do STF, do Congresso Nacional e pedindo intervenção militar. Bolsonaro, sem máscara, contrariando decreto de medidas sanitárias do Distrito Federal para conter a pandemia da COVID-19, cavalgou em um cavalo da patrulha militar entre os manifestantes.
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