Prévia da inflação de outubro é a maior em 26 anos

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma espécie de prévia da inflação oficial do país, teve alta de 1,20% em outubro comparado a setembro, após já ter subido 1,14% no mês passado. É a maior variação para um mês de outubro desde 1995 (1,34%), e a maior variação mensal desde fevereiro de 2016 (1,42%). Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta acumulada em 2021 é de 8,30%, enquanto o índice dos últimos 12 meses continua batendo na casa de dois dígitos (10,34%) como no mês passado (10,05%).
Os grupos que mais pressionaram o índice de inflação, mais uma vez, foram o dos transportes, com a disparada no preço dos combustíveis, e o da energia elétrica, impactada pela bandeira vermelha determinada pelo governo de Jair Bolsoanro, que também é responsável pela política de preços da Petrobras.
Com alta de 3,91%, a conta de luz causou o maior impacto individual no mês de outubro. A disparada no preço do botijão de gás de cozinha pelo 17º mês consecutivo, acumulando 31,65% somente em 2021 - já é vendido a R$ 135 em alguns estados -, também deu sua contribuição, impactando em 3,80% o IPCA-15.
Os combustíveis seguem com os preços nas alturas (2,03%) e continuam pressionando a inflação. A gasolina, componente com o maior peso do IPCA-15, subiu 1,85% e acumula 40,44% ao consumidor nos últimos 12 meses, além do etanol (3,20%), óleo diesel (2,89%) e gás veicular (0,36%).
Mais aumentos
A partir desta terça-feira começaram a valer os novos aumentos de preços nas distribuidoras. Com a alta de 7% (73,4% no ano), o litro da gasolina sai por R$ 3,19 nas refinarias. Já o diesel subiu 9,1% (65,3% no ano) pela segunda vez no mês, indo para R$ 3,34 por litro.
Os aumentos se devem à política de preços adotada na Petrobrás logo após o golpe do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Desde outubro de 2016, os preços passaram a ser atrelados à variação do valor do barril do petróleo no mercado internacional e do dólar.
Greve dos caminhoneiros
Em protesto contra a política de preços mantida pelo governo Bolsonaro na Petrobrás, os caminhoneiros marcaram greve para a próxima segunda-feira (1º). Após chamar de "esmola" e "piada de mau gosto" a proposta do presidente Jair Bolsonaro de uma "bolsa diesel" de R$ 400, as lideranças do setor mantiveram a paralisação.