Procuradores dizem que Lava Jato não acabou

Sob fogo de Jair Bolsonaro e já sem o apoio do bolsonarismo, que publicizou o seu trabalho para atacar os adversários nas eleições, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Paraná emitiram nesta quinta-feira (8) uma nota pública para rebater as declarações do presidente sobre ter "acabado" com a operação. No comunicado, sem citar alvos, a nota refere-se a "forças poderosas" que estariam agindo em sentido contrário do combate à corrupção endêmica no país.
Os integrantes do Ministério Público Federal (MPF) afirmam que o discurso do presidente "indica desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade e, sobretudo, reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção".
No documento, os procuradores ainda acrescentam que "a Lava Jato é uma ação conjunta de várias instituições de Estado no combate a uma corrupção endêmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessária".
Na quarta-feira (7), Bolsonaro disse que ele acabou com a Lava Jato porque, segundo ele, "não existe mais corrupção no governo".
De acordo com os procuradores, a prerrogativa de encerrar a Lava Jato pertence apenas a Procuradoria-Geral da República (PGR), e citam que há mais de 400 investigações em curso na operação.
Moro: 'criatura do pântano'
Em rede social, o ex-ministro Sérgio Moro, demitido em maio por Bolsonaro, reagiu questionando, sem citar o nome do presidente, se valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano.
""As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?".