"Profecia" Bolsonaro: invasores matam 2 índios yanomamis
A "profecia" Bolsonaro está se cumprindo na Amazônia. Garimpeiros invasores mataram dois índios yanomamis na Amazônia brasileira, revelou um grupo de direitos humanos nesta sexta-feira (26), alertando que o incidente pode se transformar em um "ciclo de violência" na região.
“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios”, afirmou o então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro ao Correio Braziliense, 12 de abril de 1998.
O tiroteio fatal ocorreu no início de junho, mas os relatos chegaram à polícia de Roraima nesta semana, quando um yanomami que acompanha sua esposa ao hospital na capital do estado, Boa Vista, contou a história às autoridades, declarou a Hutukara Associação Yanomami (HAY).
O incidente parece seguir um padrão que tem ocorrido com frequência nas terras dos yanomamis desde os anos 80, em que os garimpeiros inicialmente oferecem comida e bugigangas aos indígenas, e então invadem cada vez mais suas reservas, levando a conflitos.
“Não tem terra indígena onde não têm minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio”, afirmou o deputado federal Jair Bolsonaro ao Campo Grande News, em 22 de abril de 2015.
Os yanomamis, indígenas conhecidos por suas pinturas faciais e piercings intricados, ficaram isolados do mundo exterior até meados do século XX, e muitos ainda vivem nas profundezas da Floresta Amazônica.
Retaliação
"Tememos que as famílias dos yanomamis assassinados possam decidir retaliar os garimpeiros ilegais, de acordo com o sistema judiciário yanomami, potencialmente levando a um ciclo de violência que pode terminar em tragédia", afirmou o grupo de direitos humanos em comunicado.
Os yanomamis têm um histórico de conflito com os garimpeiros invasores que datam da década de 1970. Juntamente com doenças como sarampo e malária, os conflitos dizimaram a população yanomami, que hoje é de 27 mil.
"O assassinato de mais dois yanomamis por garimpeiros invasores deve ser minuciosamente investigado e enfatiza a necessidade de o governo brasileiro agir com urgência para remover imediatamente todos os garimpeiros que operam ilegalmente em terras yanomamis", afirmou a entidade.
“Em 2019 vamos desmarcar [a reserva indígena] Raposa Serra do Sol. Vamos dar fuzil e armas a todos os fazendeiros”, afirmou o deputado federal Jair Bolsonaro no plenário do Congresso Nacional, conforme vídeo publicado em 21 de janeiro de 2016 - assista a seguir.
Em julho do ano passado, índios da aldeia Waseity denunciaram que garimpeiros invadiram a Terra Indígena Waiãpi, no oeste do Amapá, e que o cacique Emyra Waiãpi foi morto durante a invasão. Segundo relatos, os garimpeiros estavam acampados no interior da reserva.
“Com toda a certeza, o índio mudou, tá evoluindo. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”, afirmou o presidente Jair Bolsonaro, de acordo com publicação do UOL Notícias, em 23 de janeiro último.
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