'Que bala perdida é essa?', questiona Lula sobre morte da menina Eloah
- Da Redação
- 14 de ago. de 2023
- 3 min de leitura

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, com indignação, a morte da menina Eloah Passos, de cinco anos. No sábado (12), ela foi atingida por um tiro dentro de casa, enquanto brincava na cama do quarto, na comunidade conhecida como Cova da Onça, no Morro do Dendê, Zona Norte do Rio.
“Que bala perdida é essa? Alguém atirou para aquele lado, essa bala não se perdeu. Essa bala foi atirada para aquele lado para atingir alguém e pegou uma criança de cinco anos de idade. Aonde é que a gente vai parar com esse tipo de comportamento, de violência? E muitas vezes é a própria polícia que atira”, afirmou Lula, nesta segunda-feira (14), durante o programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov.
Eloah foi atingida durante conflito causado pela chegada de policiais militares para dispersar uma manifestação de moradores contra a morte de Wendel Eduardo, de 17 anos, em uma ação da Polícia Militar (PM) no Dendê, que tinha ocorrido mais cedo. O Comandante do batalhão da PM na Ilha do Governador foi afastado.
“Quando a gente fala assim as pessoas pensam que a gente é contra a polícia. Não somos contra polícia não, nós queremos policiais bem preparados, bem instruídos, com bastante inteligência. Agora, o que não pode é sair atirando a esmo, sem saber para onde atira. Porque a bala perdida é um pouco isso: eu atirei em alguém e matei outra pessoa. Que brincadeira é essa? Esse país não precisa disso”, argumentou o presidente.

Cultura de paz
Ele comentou sobre o ocorrido ao falar sobre as possibilidades que o Brasil tem de crescer economicamente, de melhorar as condições de vida da população, e sobre a importância de criar uma cultura de paz no país e no mundo.
Na semana passada, em evento no Rio de Janeiro, o presidente já havia criticado a morte de inocentes por policiais. Ele afirmou que pobres não podem ser confundidos com criminosos.
"O povo da periferia precisa ser tratado com respeito para que nunca aconteça o que aconteceu com um menino que foi assassinado por um policial despreparado", frisou Lula. "A gente não pode culpar a polícia, mas a gente tem que dizer que um cidadão que atira num menino que já estava caído é irresponsável e não estava preparado do ponto de vista psicológico para ser policial”, acrescentou, na ocasião.
O comentário foi em relação ao menino Thiago Menezes, de 13 anos, que morreu durante operação policial no último dia 7, na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio.
Ministro dos Direitos Humanos
De acordo com a Folha de São Paulo, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, vai convidar representante das ouvidorias de polícias dos estados para uma reunião para tratar das mortes registradas em ações em diferentes estados. O encontro deve ocorrer ainda nesta semana.
A reunião foi planejada depois das mortes de Eloah e de Wendel, baleados após ação policial na Ilha do Governador.
A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos também deve participar da reunião, de acordo com nota do ministério comandado por Silvio Almeida.
Segundo o Instituto Fogo Cruzado, só este ano, 16 crianças foram baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, sendo 12 atingidas por bala perdida. Sete morreram.
Imagens de câmeras corporais
Imagens das câmeras corporais utilizadas por policiais militares quando a menina Eloah Passos foi morta serão analisadas pela Polícia Civil. A Secretaria de Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro confirmou a disponibilização das imagens, mas, questionada pela Agência Brasil, não informou de quantas câmeras se tratam.
A Secretaria de Polícia Civil informou que a investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). “Os policiais militares que participaram da ação foram ouvidos, e as armas apreendidas para exame de perícia. Diligências estão sendo realizadas em busca de testemunhas e outras informações para esclarecer os fatos.”
Uma decisão do Supremo Tribunal Federal obriga que o governo do Rio de Janeiro mantenha câmeras e equipamentos de geolocalização nos uniformes dos policiais. Além da instalação dos equipamentos, a decisão determina que as imagens captadas sejam armazenadas e compartilhadas com o Ministério Público, a Defensoria Pública e vítimas de violência policial quando solicitadas..
Com informações da Agência Brasil
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