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Rússia vai relançar Intervision contra bloqueio cultural ocidental

Por Cintia Xavier Dias

(colaboa-correspondente do TODA PALAVRA na Rússia)


Inspirado no icônico festival “Intervision” dos países do bloco socialista, que se destacou entre 1977 e 1980, o Ministério da Cultura da Federação Russa está comprometido em inaugurar seu próprio festival internacional de música. A iniciativa visa reunir talentos de todas as partes do mundo, com ênfase especial nos países que formam os BRICS.




A organização do evento está sendo conduzida com a participação ativa da Ministra da Cultura, Olga Lyubimova, do diretor-geral do Canal 1, Konstantin Ernst, e do produtor Joseph Prigozhin. Está previsto que o festival seja oficialmente lançado no ano de 2024.

A Ministra da Cultura destacou que o objetivo central do evento é “fomentar a diversidade cultural em um mundo multipolar”. A declaração foi proferida durante o Fórum Cultural Internacional de São Petersburgo, realizado de 16 a 18 de novembro, na presença de delegações estrangeiras convidadas.

Conforme afirmou o diretor-geral do Canal 1, a competição se desenrolará em uma “plataforma aberta”, livre de “restrições políticas” e acessível a participantes de todas as nações. Destaca-se a participação dos países do BRICS como um elemento especial do evento.

"Esta é uma plataforma aberta, na qual todos os países terão a oportunidade de apresentar amostras da sua música popular. Contamos com a participação ativa dos países BRICS e convidamos todas as outras nações do mundo a se unirem a essa iniciativa", conforme reportado pela RIA Novosti.




O Representante Especial do Presidente da Federação Russa para a Cooperação Cultural Internacional, Mikhail Shvydkoy, abordou o assunto durante uma entrevista à TASS:

“Do meu ponto de vista, [o concurso] é profundamente original. Precisamente porque envolve países com culturas musicais diferentes que não estão unificadas sob um único padrão. Presume-se que os intérpretes que representarão os seus países atuarão nas suas línguas nacionais. As regras e os princípios de votação estão a ser elaborados, mas é absolutamente óbvio que no ano da presidência da Rússia, tanto nos BRICS como na CEI, este tipo de competição será realizada e deverá representar toda a polifonia do mundo, o mundo multipolar de que o presidente Putin falou”.

Já segundo a Revista Moskvich, o produtor Iosif Prigozhin especulou os prêmios para os vencedores da competição. O primeiro lugar poderá ser contemplado com um prêmio de um milhão de dólares, enquanto o segundo colocado receberá 500 mil dólares. Já para o terceiro lugar, a premiação varia entre 100 e 250 mil dólares.

Em entrevista à rádio Govorit Moskva no dia 17 de novembro, o produtor compartilhou suas ideias, afirmando: “Há muito tempo eu e o compositor Drobysh tínhamos a ideia de realizar o 'Intervision'. Primeiro, dançamos ao som do Eurovision (festival europeu de competição musical), e agora vamos dançar com o Intervision, mas precisamos criá-lo. Até quando devemos apenas participar das competições dos outros?”

Segundo Prigozhin “Nosso país precisa de um concurso de música próprio e somente nesse formato ganhará popularidade.”

Desde 2022, os cidadãos russos, que fizeram sua estreia no festival Eurovision em 1994, estão proibidos de participar da competição, como parte de um movimento mais amplo de exclusão da Rússia promovido pelo Ocidente.

Esse movimento engloba desde a proibição de atletas em eventos esportivos até restrições e, em alguns casos, proibição total em festivais, além da exclusão e “demonização” da cultura russa. Adicionalmente, são impostas sanções econômicas, tanto contra produtos russos quanto contra empresas europeias com vínculos à Federação Russa.

Caso a concepção do evento seja bem-sucedida, a Rússia, durante sua próxima presidência dos BRICS em 2024, estará efetivamente contribuindo para impulsionar a integração cultural entre os povos. Isso resultará no fortalecimento dos laços de amizade por meio da valorização da multiculturalidade presente nos países envolvidos.

A proposta de ressuscitar o festival Intervision, contudo, não é recente. Conforme o portal Shanghaiist, em 2009, Vladimir Putin, então primeiro-ministro da Federação Russa, mencionou pela primeira vez essa ideia durante uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) em Pequim. Na ocasião, a proposta era organizar uma competição musical envolvendo Rússia, China e países da Ásia Central.

De todo mundo, entre 2005 a 2014, ocorreu um análogo festival russo, chamado “Cinco Estrelas”. O festival, coordenado pelos grandes canais de TV e rádio da Federação e a antiga filial da MTV, contou com a participação de jovens artistas da música pop e rock da Rússia, países bálticos e membros da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) — organização dos ex-estados-membros da União Soviética.

No entanto, ainda em 2014, a proposta de reviver o festival internacional Intervision voltou a ser discutida, com a definição de que participariam ex-estados soviéticos, membros da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), países bálticos e Coreia do Sul. Na época, conforme relatado pelo portal Eurovoix, destinado aos fãs do festival europeu Eurovision, o evento estava programado para ocorrer em Sochi, no mês de outubro. Contudo, devido ao contexto político da época, o festival foi adiado indefinidamente, relatou o produtor do evento, Viktor Drobysh, à Russkoy Sluzhbe Novostey.

O que foi o Intervision

O “Festival Intervisão da Canção” foi uma competição de música pop, sendo uma continuação do renomado Festival Internacional da Canção em Sopot, um dos maiores festivais de música da Europa, realizado desde 1961. A iniciativa foi coordenada pela Organização Internacional de Radiodifusão e Televisão (OIRT), por meio da entidade internacional “Intervision”.

A Organização Internacional de Radiodifusão e Televisão (OIRT), ativa entre 1946 e 1993, desempenhava o papel de conectar as empresas de radiodifusão e televisão, predominantemente estatais, dos países do bloco socialista e seus demais parceiros.

A Organização Intervision, no contexto da cooperação entre os países do bloco socialista, teve inicialmente a participação de empresas de radiodifusão e televisão da União Soviética, Alemanha Oriental, Polônia, Hungria e Tchecoslováquia. Posteriormente, Ucrânia, Estônia e Letônia foram incorporadas como membros independentes.

A partir de 1963, juntaram-se à iniciativa as empresas de radiodifusão e televisão da Bielorrússia, Bulgária, Cuba, Finlândia, Lituânia, Afeganistão, Moldávia, Mongólia, Romênia, Vietnã e Iugoslávia.

Em 1977, ocorreu a primeira edição do Festival Intervision, na cidade polonesa de Sopot. A distinção em relação ao festival musical anterior realizado na cidade foi a capacidade de atrair renomados artistas e sucessos da época, tanto do bloco socialista quanto de países capitalistas. Entre os participantes notáveis estavam o grupo Boney M, Demis Roussos, Gloria Gaynor e Petula Clark.

O festival, devido à sua grandeza e à eficiente capacidade de transmissão resultante da coordenação das emissoras e rádios dos países do campo socialista, foi amplamente reconhecido como um grande sucesso do bloco “oriental”. No início da década de 80, com o surgimento dos movimentos que culminaram no colapso do bloco socialista, o festival chegou ao fim, embora tenha conquistado grandes feitos no âmbito do intercâmbio cultural e musical, atingindo audiências em todo o mundo.


Com informações de RIA Novosti, Moskvich Magazine, Rádio Govorit Moskva, Shanghaiist, TASS, Eurovoix e Russkoy Sluzhbe Novostey.

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