Revelado: Malafaia é o guru de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro, que já teve o pseudofilósofo Olavo de Carvalho como seu principal conselheiro e guru, agora ouve diariamente as instruções do pastor Silas Malafaia. A revelação foi feita pelo próprio filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), nesta quinta-feira (20) em sessão da CPI da Covid no Senado Federal. O filho 01 requereu inclusive que o controverso líder religioso seja chamado a depor na CPI, já que, segundo ele, senadores querem descobrir quem aconselha o presidente na pandemia do coronavírus.
“Toda hora fala aqui que não pode família aconselhar, teve até ministro sendo acusado de dar aconselhamento paralelo ao presidente da República. Querem ouvir uma pessoa que dá conselho ao presidente da República? Eu vou dar o nome: pastor Silas Malafaia. Esse fala quase que diariamente com o... presidente e influencia o presidente. Chamem ele aqui”, disse Flávio, que acompanha o segundo dia de depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
O senador foi escalado pelo Palácio do Planalto para atuar como defesa do general, que voltou a depor após passar mal na quarta-feira durante um intervalo de seu depoimento.
Flávio protestou enquanto os membros da CPI tentavam tirar de Pazuello a informação sobre quem participava do "ministério paralelo" que aconselhava o presidente sobre medidas relacionadas à pandemia. A existência de um gabinete paralelo fora do ministério da Saúde foi denunciada na CPI pelo ex-ministro da Saúde, o médico Luiz Henrique Mandetta.
Dívidas do 'guru'
Em 2013, Malafaia realizou o casamento religioso de Bolsonaro e da primeira-dama Michelle. Em 2019, segundo publicou o portal UOL na época, o pastor pediu a demissão do então secretário da Receita Marcos Cintra porque ele cogitou tributar dízimos. Cintra foi demitido meses depois e substituído por José Tostes.
A igreja e a editora do pastor, segundo dados obtidos pelo UOL através da Lei de Acesso à Informação, possuem R$ 4,6 milhões em impostos inscritos como dívida ativa da União. As cifras são quase o triplo da dívida registrada em dezembro de 2018, antes de Bolsonaro assumir a Presidência, quando somavam R$ 1,59 milhão.
As dívidas totais da Igreja Assembleia De Deus Vitória Em Cristo presidida por ele somam R$ 2,89 milhões e se referem a imposto de renda e contribuições previdenciárias.
Pela lei, igrejas não pagam impostos sobre dízimos e ofertas. No entanto, precisam recolher contribuições previdenciárias de seus funcionários e quando deixam de fazê-lo são multadas.
Bolsonaro perdoa dívidas
Em 18 de março último, depois de um acordo do governo com o Congresso, o presidente resolveu anistiar a dívida tributária de igrejas e templos religiosos que, segundo a equipe econômica, soma em torno de R$ 1,4 bilhão.
Segundo o presidente do sindicato dos auditores da Receita (Sindifisco), Kléber Cabral, ouvido pelo UOL, entidades religiosas são multadas e cobradas quando se comportam como empresas, ao distribuírem lucros e patrimônio a seus pastores ou associados. Por isso, nos casos em que isso fica provado, são tributadas com imposto de renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Por isso, auditores da Receita têm dito que seguirão multando igrejas que atuarem desta maneira.
Silas Malafaia, segundo o UOL, diz que agora recorre ao judiciário com base na nova lei.
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