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'Rios voadores' levam fumaça da Amazônia até o Sul do país

A falta de chuva e o vento agravam a situação das queimadas na Amazônia, contribuindo para que uma extensa nuvem de Dióxido de Carbono, cinzas e partículas poluentes se espalhe por outros estados e países vizinhos, através das altas correntes de ar chamadas de 'rios voadores'. São eles que levam a umidade da floresta para o restante do país, desempenhando papel decisivo no sistema pluviométrico. Com os focos de incêndio e o agravamento da seca na região amazônica, os rios agora carregam fumaça tóxica.

Reprodução

Imagens de satélite da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) mostram a densa nuvem de poluição se estendendo de Manaus até Porto Alegre, afetando 10 estados. Segundo especialistas, esta é a pior temporada em 17 anos. Só no mês de agosto, mais de 22 mil focos de queimadas foram registrados.


Estados afetados pela fumaça:


  • Rio Grande do Sul

  • Santa Catarina

  • Mato Grosso do Sul

  • Mato Grosso

  • Acre

  • Rondônia

  • Oeste do Paraná

  • Parte de Minas Gerais

  • Trechos de São Paulo

  • Amazonas


A nuvem avança a mais de 1,6 milhão de quilômetros por hora. O mapa da NOAA registra a concentração de partículas de poeira e fumaça se deslocando do Norte ao Sul do país. A nuvem se estende a países como Peru, Bolívia e Paraguai. Embora o fato não seja inédito na região, a intensidade com que está ocorrendo desta vez chama a atenção de cientistas e pesquisadores.



No primeiro semestre de 2024, o Brasil já havia registrado um recorde de queimadas na Amazônia, com 14.250 focos de incêndio, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em agosto, as queimadas continuam aumentando, com a ajuda da seca sem precedentes que a região enfrenta.


No Amazonas, a situação é crítica, com hospitais lotados de pacientes afetados por problemas respiratórios. Moradores relatam o aumento de doenças associadas à poluição do ar, principalmente em crianças e idosos. A exposição prolongada à fumaça causa sintomas como tosse, dificuldade para respirar e irritação nos olhos.


A Fiocruz Amazônia emitiu um comunicado alertando sobre os impactos à saúde em Manaus, recomendando o uso de máscaras com filtro. O epidemiologista Jesem Orellana destacou que a exposição à fumaça pode agravar doenças respiratórias e cardiovasculares, como rinite e asma, e pode levar a condições mais críticas como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).


Além de afetar a saúde, a fumaça reduz a visibilidade. Porto Alegre, por exemplo, sofreu uma diminuição da visibilidade na última quinta-feira (15/8), ao mesmo tempor que Porto Velho, em Rondônia, apresenta os piores índices de qualidade do ar do país desde o início de agosto.


Embora a situação em Porto Alegre seja menos preocupante do que em Manaus e Porto Velho, a cidade continua com dias de céu cinzento. Há a expectativa de que uma massa de ar polar chegue ao sul do Brasil nesta quinta-feira (22/8), provocando temporais que poderão ajudar a limpar a atmosfera.

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