Rodrigo quer implantar turno único em 100% das escolas municipais
Luiz Augusto Erthal
Em uma conferência de imprensa realizada nesta quarta-feira (14), o candidato do PDT à prefeitura de Niterói, Rodrigo Neves, anunciou que, caso seja eleito para um novo mandato à frente do executivo municipal, pretende implantar o turno único em todas as escolas da rede municipal. O ensino em tempo integral é uma das principais bandeiras do PDT desde a criação do Cieps pelo ex-governador Leonel Brizola e por Darcy Ribeiro nos anos 80.
Ele lembrou que em suas duas administrações anteriores foram criadas 26 escolas, todas em horário integral. Com mais quatro construídas por Axel Grael no mandato atual, a rede ganhou, desde 2013, mais 30 unidades escolares, registrando, em dez anos, um crescimento correspondente ao que houve ao longo dos 40 anos anteriores. Rodrigo também prometeu que a rede do município irá absorver todas as crianças de zero a três anos e que os autistas receberão atenção especial da prefeitura.
“Em 2013 o número de crianças especiais era de 400, tanto na rede privada quanto na rede pública de ensino. Dez anos depois, a rede privada continua absorvendo 400 alunos nessa condição, enquanto a rede do município já atende 2 mil crianças especiais”, comparou o candidato.
Anunciando que pretende criar em um futuro governo um centro de diagnósticos para reduzir o tempo de espera por exames dos pacientes tratados pelo programa Médico de Família, Rodrigo também comparou os investimentos na área de saúde de 2013 a 2023. As cifras do orçamento anual saltaram, segundo ele, de R$ 200 milhões para R$ 1 bilhão, sendo que os repasses do governo federal continuaram estagnados em R$ 140 milhões ao longo desse período.
Redução de tarifas
Na área da mobilidade, Rodrigo Neves disse que vem conversando com o governador Cláudio Castro sobre a possibilidade de Niterói ajudar o estado a subsidiar as passagens dos catamarãs que partem da estação hidroviária de Charitas, atualmente custando R$ 21. A meta, segundo ele, é reduzir as tarifas para R$ 8,00 a partir da nova licitação do serviço de barcas, marcada pelo governo estadual para novembro.
O aumento no volume de passageiros no transporte aquaviário seria, no seu entender, uma das melhores maneiras de reduzir o volume do trânsito de automóveis na cidade. Outras medidas para melhorar o trânsito seriam a implantação de uma linha de VLT entre o Barreto e o Centro, cujo financiamento já foi anunciado pelo prefeito Axel Grael, mas que depende ainda de estudos de impacto ambiental para começar a ser implantado, e a possível construção de um novo túnel em Icaraí, furando a pedreira onde termina a rua Guilherme Greenhalgh, a fim de criar um novo corredor viário em direção à praia. No entanto, ele observou que essa é uma proposta ainda a ser discutida com a população.
Além dessas medidas, Rodrigo quer construir mais 60 quilômetros de ciclovias para se somar aos 100 quilômetros existentes hoje, que já fazem de Niterói “a cidade mais ciclável do Brasil”.
O seu principal objetivo em um possível terceiro mandato será, conforme disse, perseguir a meta de alçar Niterói à condição de primeira cidade em qualidade de vida do Brasil e, para tanto, pretende investir na formação de um parque tecnológico, criando um “corredor do conhecimento” no Centro da cidade, que, segundo ele, será “a nova Região Oceânica” em termos de investimentos municipais. Rodrigo prometeu enfrentar o problema da população de rua e transformar a avenida Amaral Peixoto, em cujas marquises atualmente se refugiam todas as noites dezenas de pessoas desabrigadas. As calçadas da principal artéria central da cidade deixarão de ter o antigo calçamento de pedras portuguesas, de difícil manutenção e responsável por muitos acidentes de transeuntes.
Sem esconder que ainda alimenta o sonho de governar o estado do Rio de Janeiro - foi candidato derrotado nas últimas eleições para governador -, Rodrigo Neves afirmou, porém, que esse é um projeto para o futuro e que em hipótese alguma deixaria o cargo de prefeito de Niterói, caso seja eleito, para disputar o Palácio Guanabara nas próximas eleições estaduais.
A fusão rediscutida
O tema da fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara - talvez o último entulho do autoritarismo, imposto pela ditadura militar em 1975 às populações carioca e fluminense, ignorando a exigência constitucional de submeter a plebiscito popular qualquer proposta de alteração na base territorial das unidades federativas - será reaberto por Rodrigo Neves no ano que vem, quando o ato que tirou de Niterói a condição de capital fluminense completará 60 anos.
Entre medidas que, se voltar a ser prefeito, ele pretende buscar junto ao governo do estado para recuperar a autoestima e o sentimento de pertencimento dos niteroienses está a municipalização do Palácio do Ingá, antiga sede do governo fluminense, atualmente em precário estado de conservação, e da casa do pintor Antônio Parreiras, transformada em museu, mas cujas obras de restauração se encontram paralisadas há pelo menos dez anos.
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