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Senadores apontam mentiras de Pazuello na CPI da Covid


(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (19), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello buscou o tempo todo blindar o presidente Jair Bolsonaro por possível negligência na gestão da pandemia da Covid-19 no Brasil. Diversas vezes chamado de mentiroso por senadores integrantes da CPI, o general passou mal no intervalo e a sessão foi interrompida, devendo prosseguir nesta quinta-feira.

Eduardo Pazuello negou inclusive que o presidente tenha dado ordens para fazer algo diferente da conduta adotada em sua gestão. A fala de ex-ministro, no entanto, foi desmentida de pronto. Um vídeo gravado por ele próprio em outubro do ano passado, após ser dasautorizado por Bolsonaro em relação à compra da vacina CoronaVac, o general afirmou, ao lado do presidente, que 'um manda, o outro obedece".

"Em momento nenhum o presidente me deu ordem para fazer diferente do que eu já estava fazendo", disse.

Na ocasião, pouco depois de ser anunciado acordo do governo federal para aquisição da CoronaVac em parceria com o Instituto Butantan, o presidente afirmou que a compra não seria feita. Bolsonaro disse à época que os brasileiros não seriam "cobaias" da vacina chinesa.

Pazuello comandou a pasta da Saúde durante a fase mais crítica da pandemia, entre maio de 2020 e março de 2021, sendo apontado na CPI como um dos responsáveis também pela falta de oxigênio hospitalar em Manaus que levou a morte centenas de pessoas.

'Informação mentirosa'

Ao falar sobre as mortes no Amazonas por falta de oxigênio, o general provocou revolta dos senadores ao dizer que o estoque ficou negativo durante apenas três dias em janeiro. Eduardo Braga (MDB-AM) o interrompeu para dizer que o ex-ministro estava mentindo e que a falta do insumo se estendeu por mais tempo.

"Informação errada, mentirosa. Não faltou oxigênio no Amazonas apenas 3 dias. Faltou oxigênio na cidade de Manaus por mais de 20 dias. É só ver o número de mortos. É só ver o desespero", interveio o senador.

"Não são os dados que estão comigo", respondeu Pazuello.

"Não, ministro, desculpe. Nós tivemos pico de mortes por oxigênio em Manaus no dia 30 de janeiro. Antes, ficamos dependendo da ajuda do [ator] Paulo Gustavo, do [cantor] Gustavo Lima. Vamos parar de ficar dizendo que foram 3 dias de falta de oxigênio", disse o senador.

Braga também criticou o fato de o governo não ter enviado, no auge da crise, um avião para buscar oxigênio doado pela Venezuela.

"Eu só quero complementar que do dia 10 ao 20 de janeiro, quando chegou o avião da Venezuela, passaram-se dez dias morrendo em média duzentas pessoas por dia no Amazonas. Foram 2.000 amazonenses que morreram. Nós poderíamos ter colocado aquele oxigênio. E quero dizer o seguinte: faltou dinheiro do governo do estado para fazer isso? Não. Faltou vontade política do governo federal em fazer isso? E por que não fez? Por que não deu as informações ao ministro [das Relações Exteriores] Ernesto Araújo para que o avião dos Estados Unidos pudesse ter ido à Venezuela buscar o oxigênio e levar para o Amazonas para salvar vidas?", questionou Eduardo Braga.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, disse que, em depoimento à Polícia Federal, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, afirmou ter avisado Pazuello da falta de oxigênio no dia 7, e não no dia 10 como afirmou Pazuello.

"Não. Ele disse que dia 7 ele falou comigo, mas ele não disse no depoimento que me alertou sobre colapso de oxigênio", esquivou-se o ex-ministro, que é desmentido por um ofício que a Advocacia-Geral da União enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro afirmando que o governo federal sabia do “iminente colapso do sistema de saúde” do Amazonas dez dias antes do colapso total.

Segundo a AGU, o Ministério da Saúde providenciou reuniões de seu secretariado realizadas entre 3 e 4 de janeiro de 2021 para tratar da crise do Amazonas e previu um "colapso no sistema de saúde entre o período de 11 a 15 de janeiro".

Ainda segundo a AGU, o Ministério da Saúde tomou ciência do esvaziamento de estoque de oxigênio em Manaus no dia 8 de janeiro, "por meio de e-mail enviado pela empresa fabricante do produto".

Desmentido

O ex-ministro foi desmentido mais uma vez ao alegar que o Tribunal de Contas da União (TCU) haveria recomendado não comprar a vacina da Pfizer. Durante a sessão, o TCU enviou informações lidas pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), negando a informação. Pazuello, só então, reconheceu que faltou com a verdade e disse que havia confundido TCU com AGU (Advocacia-Geral da União) e CGU (Controladoria-Geral da União).

Cloroquina

O ex-ministro também negou que tenha recebido ordens do presidente em relação ao uso da cloroquina, medicamento que, mesmo sem eficácia no tratamento de pacientes com Covid-19, era a principal aposta de Bolsonaro contra a pandemia.

"Em hipótese alguma. O presidente nunca me deu ordens diretas para nada", disse.

Embora Bolsonaro tenha rechaçado o lockdown e outras medidas de contenção da pandemia, inclusive ameaçando, no início deste mês, editar um decreto para "garantir o direito de ir e vir" dos brasileiros, o ex-ministro também negou que o presidente tenha pedido para que o ministério não adotasse medidas de distanciamento social como vem sendo feito por estados e municípios.

Apesar de ser um assunto de conhecimento público desde meados do ano passado, Pazuello negou também ter tomado conhecimento sobre aumento da produção de cloroquina pelo Exército.

"A distribuição de cloroquina para indígenas é normal para malária, não para Covid. Aliás, eu sou completamente contra distribuição de qualquer medicamento, principalmente cloroquina, ou qualquer um sem a prescrição médica", disse.o general, negando ainda que a pasta tenha adotado o "tratamento precoce", apesar de o ministério ter mantido a informação sobre o tratamento publicada em seu portal na internet até duas semanas atrás.

Passando mal

Em intervalo na sessão da CPI da Covid, Pazuello passou mal e precisou de auxílio médico. Ele foi atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico. "Acontece com as pessoas muito emocionadas às vezes. Ele estava muito pálido. Deitei ele, elevando os membros inferiores. Ele ficou corado, normal. Não tem nenhum problema. Ele passou muito tempo aí depondo, ficou muito tempo em pé, está emocionado. Essa síndrome acontece muito", explicou o parlamentar, que compõe a chamada "ala independente" da CPI, e tem duras críticas ao governo federal.

"Está bem, ele pode voltar a fazer o depoimento sem nenhum problema", acrescentou Alencar. Pouco depois, no entanto, a TV Senado informou que a sessão só será retomada nesta quinta-feira às 10h, quando serão ouvidas as manifestações e perguntas de 23 senadores que ainda estão inscritos.

Agência de checagem

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), reclamou, repetidas vezes, que o depoimento do ex-ministro da Saúde foi "cheio de contradições e mentiras", e afirmou que vai sugerir a contratação de uma agência especializada em checagem de fatos. O senador disse que assim como Pazuello, o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten, também mentiu em seu depoimento na semana passada.

"Ele (Pazuello) chegou ao cúmulo de negar declarações públicas dele mesmo e do presidente da República. Tanto que vou sugerir ao presidente da comissão e ao vice-presidente a contratação de uma agência checadora da verdade para que a comissão parlamentar de inquérito, pela primeira vez, possa acompanhar online e checar essas mentiras que reiteradamente estão sendo ditas", disse Renan Calheiros em entrevista coletiva após a sessão desta quarta.

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