TCU: mais de 10 batalhões a serviço de Bolsonaro
Um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) identificou nada menos que 6.157 militares da ativa e da reserva ocupando cargos civis no governo do presidente Jair Bolsonaro. Esse contingente equivaleria a mais de 10 batalhões de infantaria, artilharia e logística, se fossem empregados militarmente. O número é praticamente o mesmo do total de militares cassados pela ditadura militar de 1964.
O levantamento, encaminhado nesta sexta-feira (17) aos ministros do TCU, foi feito a pedido do ministro Bruno Dantas, que argumentou que a sociedade tem o direito de saber "exatamente quantos militares, ativos e inativos, ocupam atualmente cargos civil, dados os riscos de desvirtuamento das Forças Armadas que isso pode representar".
De acordo com o levantamento, desses 6.157 militares, 2.643 estão em cargos comissionados do governo (43%).
Além do presidente Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, e do vice, Hamilton Mourão, general da reserva, o Palácio do Planalto é ocupado por militares na cúpula do governo. Isso porque os quatro ministros com gabinete no Palácio do Planalto são militares: na Casa Civil, Walter Souza Braga Netto (general do Exército); no Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno (general da reserva do Exército); na Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos (general da reserva do Exército) e na Secretaria-Geral, Jorge Oliveira (major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal).
Além deles, também são militares ou têm formação militar os ministros: da Defesa, Fernando Azevedo e Silva (general do Exército); da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes (tenente-coronel da Aeronáutica); das Minas e Energia, Bento Albuquerque (almirante da Marinha) e interino da Saúde, Eduardo Pazuello (general do Exército).
'Ruim e preocupante'
Em junho, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou ser "ruim e preocupante" os cargos do governo serem "povoados" por militares.
"Acho ruim e preocupante você começar a povoar cargos no governo com militares. Isso é o que aconteceu na Venezuela. Quando você multiplica militares no governo, eles começam a se identificar como governo e começam a se identificar com vantagens e com privilégios. E isso é um desastre", disse Barroso na ocasião.
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