Toffoli ouve STJ e PGR antes de decidir sobre Witzel
Atualizado: 1 de set. de 2020

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) que se manifestem sobre o pedido de Wilson Witzel para retornar ao cargo de governador Rio de Janeiro. Com base nas informações que receber, Toffoli julgará o recurso apresentado pela defesa do governador afastado por decisão monocrática do ministro Benedito Gonçalves, do STJ.
Na sexta-feira (28), Wilson Witzel foi afastado do cargo por 180 dias. O afastamento foi determinado no âmbito das investigações sobre atos de corrupção em contratos públicos do governo do Rio de Janeiro.
Toffoli deu 24 horas para o STJ e a PGR se manifestarem. O mais provável, no entanto, é que ele não tome nenhuma decisão antes da sessão de quarta-feira do STJ, quando o ministro Benedito Gonçalves deverá apresentar sua liminar (do afastamento de Witzel) para julgamento.
Segundo as investigações do Ministério Público Federal e Polícia Federal, a suposta organização criminosa, instalada no governo estadual a partir da eleição de Witzel, é formada por três grupos que, sob a liderança de empresários, pagavam vantagens indevidas a agentes públicos. Os grupos teriam loteado as principais secretarias para beneficiar determinadas empresas.
Wilson Witzel negou o seu envolvimento em atos de corrupção e declarou que seu afastamento seria infundado e faria parte da disputa política com o presidente Jair Bolsonaro.
Especialistas também afirmam que o afastamento de Witzel e a chegada do vice Cláudio Castro ao poder marcam um realinhamento político dos governos federal e estadual.
Desde que rompeu com Bolsonaro, Witzel vem se posicionando publicamente em casos sensíveis à família Bolsonaro, como o das investigações sobre o mandante do assassinato de Marielle Franco e o das acusações de interferência na Polícia Federal do Rio de Janeiro contra o presidente.
Flávio Bolsonaro telefona para Castro
Confirmando as assertivas, o governador interino fez questão de informar através da sua conta no Twitter que recebeu ligação do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), nesta segunda-feira (31) se colocando "à disposição para ajudar o Estado do Rio de Janeiro na renovação do Regime de Recuperação Fiscal", e ainda acentuou: "Díalogo! Todos pelo Rio!", numa clara dissensão em relação a Witzel.
Entre os temas sensíveis que influenciaram a briga política entre o então governador Witzel e o presidente Bolsonaro, há também o chamado esquema das rachadinhas que atinge diretamente Jair Bolsonaro e seus filhos, principalmente Flávio.