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UFF produz milhares de máscaras contra Covid a 10% do custo


Mais de 6 mil máscaras faciais já foram produzidas e doadas pela UFF a orgãos públicos, como hospitais e bombeiros

Desenvolvido pela Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, o projeto FaceShield-UFF já distribuiu gratuitamente para hospitais, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, entre outras instituições públicas, mais de 6 mil máscaras faciais de proteção contra a Covid-19 e se aproxima da sua meta de fabricar 25 mil unidades a um custo que equivale a cerca de 10% do preço de mercado. Além das máscaras, a UFF também se prepara para fornecer respiradores e duplicadores - fundamentais no tratamento dos doentes graves - de baixíssimo custo.

Contando com parcerias com a Firjan, o Senai e de empresas como Statkraft (energia) e a Bakers Hugdes (antiga GE), o projeto está prestes a conseguir também o apoio da prefeitura de Niterói. O professor Marcio Cataldi, coordenador da equipe multidisciplinar responsável pelo programa, soube pelo TODA PALAVRA que a Câmara de Vereadores havia promulgado no último dia 7 a Lei 3.520/2020, autorizando a celebração imediata de convênio da prefeitura de Niterói com a UFF para produção do EPI para atender os profissionais da rede municipal de Saúde, e não escondeu o entusiasmo:

"Esse convênio é o que nos falta para conseguirmos viabilizar a nossa meta de produzir 25 mil face shields. Já temos encomendas para doações de 24 mil unidades", salientou o professor, revelando haver ainda um gargalo - no fornecimento de um dos insumos das máscaras - para chegar à produção desejada.

A lei que autoriza o município a firmar o convênio com a universidade é de autoria do vereador Paulo Eduardo (PSOL) - em coautoria com seu colega de partido Renatinho - e não foi sancionada nem vetada pelo prefeito Rodrigo Neves, tendo sido promulgada diretamente pela Câmara. Mas a prefeitura já vinha apoiando informalmente o projeto, segundo Marcio Cataldi, que revelou estar mantendo entendimentos para fornecimento também do EPI a alunos e professores da rede municipal de ensino, com vistas a volta às aulas.


Baixo custo e qualidade


Professor Marcio Cataldi, coordenador do projeto

Enquanto a média do preço dessas máscaras faciais nas lojas de venda de materiais médico-hospitalares está em torno de R$ 30, segundo levantamento feito pelo TODA PALAVRA, as face shfields da UFF custam apenas R$ 3 por unidade. A prefeitura de Niterói chegou a pagar R$ 42 pelo equipamento (um total de R$ 55.660 para 1.230 máscaras, conforme planilha de empenho a que o jornal teve acesso), em um momento em que o produto estava escasso no mercado, levando estados e municípios a fazerem compras com preços altos, conforme admite o vereador oposicionista, autor do projeto:

“O município já investiu mais de R$ 3 milhões para a aquisição de EPIs no mercado, em situações nem sempre tão favoráveis diante da crescente dificuldade em adquirir EPIs. O convênio com a UFF, além de trazer mais segurança para as equipes de saúde da cidade, representaria uma grande economia aos cofres públicos municipais e um grande incentivo ao ensino e à pesquisa na nossa Universidade Federal Fluminense.”, afirmou Paulo Eduardo Gome, que preside a Comissão de Saúde da Câmara.

O segredo do baixo custo de produção está nas parcerias agregadas ao projeto. Inicialmente, contando com poucos recursos e as limitações de apenas uma impressora 3D, o projeto só conseguia fabricar 80 máscaras por dia. Hoje a capacidade de produção já está em 1 mil unidades diárias, isso graças à entrada em operação de uma máquina injetora de material plástico alocada ao projeto em comodato, a partir da parceria coma Firjan e o Senai-Duque de Caxias, e da doação do molde pela Statkraft.

A matéria prima utilizada na estrutura da máscara é doada pela Bakers Hugdes, mas o PET-G (espécie de acetato transparente que forma a barreira de proteção que isola todo o rosto do usuário) ainda precisa ser adquirido, daí a esperança do coordenador de que o convênio com a prefeitura de Niterói venha a suprir essa necessidade ainda sem solução para que a meta do projeto seja alcançada.

A qualidade, de acordo com Márcio Cataldi, é o ponto alto dos equipamentos produzidos pela UFF. Isso é atribuído por ele à participação multidisciplinar de integrantes do projeto, envolvendo professores de várias áreas da universidade, como, por exemplo, a Faculdade de Medicina. A colaboração dos médicos, explica, tem sido fundamental para o aprimoramento dos produtos.


Respiradores e duplicadores

Desta forma também está sendo possível o desenvolvimento de projetos de respirador e de duplicador - capaz de, em casos de emergência, permitir a dois pacientes compartilharem o mesmo respirador - de baixíssimos custos. Cataldi afirma que o modelo de respirador construído pela UFF custará apenas R$ 4 mil, enquanto produtos importados estão sendo vendidos a até mais de R$ 200 mil. Já o custo do duplicador deverá girar em torno de R$ 1,5 mil.

Os equipamentos, que já foram testados inclusive em UTIs, agora estão sendo submetidos a testes específicos - inicialmente com animais e depois em humanos - para poderem receber a certificação da Anvisa. O professor Cataldi acredita que a universidade terá condições de produzir 200 respiradores e duplicadores por mês.

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