‘Um Ulisses transilvano sob a Cruz do Sul’
- Mehane Albuquerque
- 27 de ago.
- 12 min de leitura
Por José Messias Xavier
Dinu Flămând, 78 anos, é um dos mais importantes poetas europeus da atualidade. Ele é da Transilvânia, aquela região do Centro-Oeste da Romênia encravada na belíssima paisagem dos Cárpatos. Antes da conquista romana, em 106 d.C., foi o coração do reino da Dácia. A influência do latim originou o atual idioma do país. Sim, somos irmãos em língua e Literatura.

Mês passado, Dinu esteve no Brasil, onde lançou, em São Paulo, sua mais recente obra, “Homem com remo no ombro”, traduzido por Marco Lucchesi, que também assina a introdução e as notas, editado pela Patuá. São poemas intensos, cujos versos nasceram, segundo o próprio autor, “das minhas viagens iniciáticas nas últimas décadas: memórias, meditações e glosas que não são reportagens nem impressões de viagem, mas sim etapas de uma busca interior. Frequentemente tento propor interpretações rebeldes para o mundo contemporâneo”.
Ensaísta, jornalista, tradutor e comentarista político, Dinu transpôs para o romeno Carlos Drumond de Andrade, Vinícius de Morais, Marco Lucchesi e outros gigantes da Literatura universal, entre eles Pablo Neruda, Samuel Becket, Fernando Pessoa e muitos outros. Como poeta, recebeu inúmeros prêmios, sendo o mais recente o Prêmio de Poesia da Nova Era de Ouro, do Círculo de Poesía, na Cidade do México, em 2023.
Não teve uma vida fácil. Nos anos 80, recebeu asilo na França após sofrer, em sua pátria, toda a violência do regime ditatorial de Nicolae Ceaușescu e de seu séquito pervertido. De Paris, denunciou a opressão vivida pelo povo romeno, incluindo seus artistas. Com a queda do comunismo, envolveu-se ativamente com a Literatura.
Nesta entrevista exclusiva, o poeta fala sobre sua obra, vivências, o mundo moderno, a necessidade de resistência a qualquer forma de dominação, a relação com a Literatura brasileira e, claro, a poesia. “Eu imagino que a poesia ainda pode corrigir a insensibilidade do olhar, ou a rigidez daquelas almas que não sabem se abrir às maravilhas do mundo”, afirma.
Ele destaca o papel da criação artística no enfrentamento à crueldade institucionalizada. “Estamos assistindo, ainda hoje, à glorificação institucional da violência. Mas o percurso milenar da criação artística e espiritual sempre teve que resistir aos impulsos brutos, em todas as épocas. Os brutos se acham heróis — precisamos resistir a eles. A poesia amansa o mundo, mas às vezes precisa gritar para proteger a ternura”, assegura.
Com você, caro leitor, Dinu Flămând, um poeta magnífico, uma alma nascida para iluminar a Literatura e, prenhe de humanidade, exaltar a vida e o amor como forças naturais de todos nós, que devem sempre confrontar os tempos de escuridão. Com muita honra, manteremos o título sugerido por ele para esta entrevista: “Um Ulisses transilvano sob a Cruz do Sul”.

TODA PALAVRA - O que mudou entre “Apeiron” e “Homem com remo no ombro”?
DINU FLĂMÂND - O meu livro de estreia desenvolvia, numa interpretação mais ampla, o conceito de Apeiron do pré-socrático Anaximandro, porque as minhas leituras preferidas na adolescência eram traduções do grego, sobretudo a Guerra do Peloponeso de Tucídides, mas também Vidas e Doutrinas dos Filósofos, a famosa compilação de mexericos e informações de Diógenes Laércio. Ninguém me orientara para os clássicos gregos. E muito menos para a filosofia. Descobri por mim mesmo que só ali não havia nem romances soviéticos sobre a guerra, nem a prosa mentirosa do realismo socialista romeno, sobre a coletivização forçada da agricultura.
O meu pai era um camponês tradicional, com uma pequena propriedade montanhosa no norte da Transilvânia, ele falava comigo claramente sobre a peste comunista que chegou junto com o exército vermelho, mas aconselhava-me a não repetir o conteúdo das nossas conversas na escola. Ou seja, a ser prudente. A prudência foi uma exigência da minha geração.
Então, aquele título — provavelmente incompreendido por quase todo mundo na época — me ajudou a me esconder no meu próprio mundo, com esperanças infinitas e indefinidas. Essa é uma possível interpretação do título, embora talvez não seja a melhor. Mais recentemente, retomei Anaximandro e outros pré-socráticos, tentando compreendê-los de forma mais profunda. Talvez daí surja um novo livro.
Mas se comparo aquele volume de estreia, de 1971, com este último livro — agora lançado também no Brasil (depois da Romênia, Itália e Bolívia — e com edições em andamento na Grécia e na Alemanha) — fica claro o longo caminho percorrido pelo autor, talvez mais longo até que os vinte anos que Ulisses levou para voltar de Tróia.
A diferença fundamental é que hoje escrevo em liberdade. E Ulisses continua sua jornada, como se sabe, enriquecido justamente pela vida de aventuras que carrega em si. Vale lembrar outro grego, Kavafis, que dizia que mais importante do que chegar a Ítaca é o próprio caminho até lá — ou seja, a aventura e a diversidade do conhecimento, se você tiver a coragem da curiosidade...
TP - Há muita paixão em seus versos. Essa força, tão essencial à condição humana, é uma forma de resistência?
DF - Se você identifica paixão nos meus poemas, então ela existe, provavelmente decorrente da minha convicção de que a poesia não é compatível com a indiferença ou com a placidez de um exercício puramente retórico. Como a poesia tem um estatuto bizarro, mais complicado do que o do ornitorrinco, creio que lhe é exigido resistir, antes de mais, à indiferença com que as sociedades ditas "pragmáticas" relegam a sensibilidade humana para o porão, desprezando-a.
Estamos assistindo, ainda hoje, à glorificação institucional da violência. Mas o percurso milenar da criação artística e espiritual sempre teve que resistir aos impulsos brutos, em todas as épocas. Os brutos se acham heróis — precisamos resistir a eles. A poesia amansa o mundo, mas às vezes precisa gritar para proteger a ternura.
TP - Poderia comentar um pouco sobre “Homem com remo no ombro”?
DF - Eu já tinha começado a falar sobre a descida de Ulisses ao Inferno (para onde todos nós descemos, quase todas as noites, para conversar com nossos mortos ou com os “heterônimos” desaparecidos — ou futuros — da nossa identidade). Lá, o sábio Tirésias havia profetizado que Ulisses precisaria continuar sua jornada mesmo depois de chegar em casa, em Ítaca, onde primeiro puniria os pretendentes de Penélope e depois seria reconhecido/aceito por ela.
O destino decidira que, depois disso, ele ainda atravessaria terras onde as pessoas não conheciam o mar, e onde o remo carregado em seu ombro poderia ser confundido com uma pá de debulhar grãos (como se fazia na época minoica, mas também na minha aldeia — e ainda hoje em algumas regiões da América Latina)!
Acredito que isso seja uma metáfora ampla da nossa própria vida. A jornada não termina quando a gente imagina. Até o mito tem um final aberto — como a vida.
Assim, o livro reúne poemas das minhas viagens iniciáticas nas últimas décadas: memórias, meditações e glosas que não são reportagens nem impressões de viagem, mas sim etapas de uma busca interior. Frequentemente tento propor interpretações rebeldes para o mundo contemporâneo.
Num poema dedicado a Marco Lucchesi — meu maravilhoso amigo e tradutor, escritor excepcional conhecido em tantos países, inclusive no Brasil — proponho uma interpretação um pouco escandalosa, que tenho certeza que encantou Marco. Falo do racionalismo “puro” de René Descartes, um dos tijolos fundamentais do pragmatismo global de hoje, mas lembro que seu grande método científico lhe foi inspirado pela atividade onírica. Ele próprio relata os três sonhos que teve em Ulm, num quarto aquecido com lenha, na época em que havia entrado para a vida como soldado raso.
Ou seja, até nosso lado onírico pode se tornar base de um método “científico” rigoroso — não devemos desprezar a contribuição do psiquismo obscuro apostando apenas na razão. Provavelmente foi também um tipo de imaginação poética que inspirou Einstein a criar a fabulosa “metáfora” do espaço-tempo.
No meu poema Cogito… Dubito… aparece também outro matemático, louco por poesia — Gödel! — que desestabiliza tanto Descartes quanto Einstein. É claro que, no poema, épocas e eventos ignoram a ordem cronológica natural — afinal, a poesia tem esse direito.
Construo esse longo poema como uma espécie de sabotagem terna da fantasia poética contra a racionalidade e a lógica binária, que nos oprime — sem, no entanto, me tornar um místico irracional (ao menos é o que espero!). É antes uma ofensiva da beleza sensível. Tento devolver à sensibilidade e à dúvida que nos habitam — tão voláteis, mas tão humanas — um papel que as ciências pragmáticas costumam anular.
Provavelmente a inteligência artificial sempre será incompleta e dependente do ser humano, justamente porque não consegue integrar o “dubito”, ou seja, a dúvida melancólica tipicamente humana — algo inconcebível para uma máquina. Por enquanto, os humanos alimentam os computadores apenas com hambúrgueres de... “cogito”! Será que um dia conseguirão inocular alma nas máquinas?

TP - O brasileiro Ferreira Gullar dizia que a poesia dele nascia do espanto, ou seja, da capacidade de se surpreender com o mundo e as coisas ao redor. O que o leva a escrever?
DF - O espanto de estar vivo, de perceber a beleza tão diversa do mundo, deveria ser suficiente para nos curar de todos os medos e nos alegrar dia após dia — se soubéssemos realmente abrir bem os olhos ao nosso redor. Mas não sabemos muito bem, porque esse milagre essencial é difícil de reconhecer, e a vida nos parece algo que simplesmente nos é devido (talvez acreditemos que os deuses nos devem isso), sem nos preocuparmos em entender sua natureza.
Do mesmo modo, é difícil admirar a beleza secreta das coisas, ou perceber a inteligência e a bondade das pessoas à nossa volta — que só brilham na sua paradoxal modéstia.
Eu imagino que a poesia ainda pode corrigir a insensibilidade do olhar, ou a rigidez daquelas almas que não sabem se abrir às maravilhas do mundo. Existe uma energia discreta no pulso da verdadeira poesia — e talvez ela atue (e se revele como experiência íntima para cada leitor) com aquela eficácia oculta que mantém unida a “máquina do mundo” (como dizia Drummond), mesmo que ainda não saibamos explicar direito a natureza desse TODO maravilhoso, que já deixava Lucrécio paralisado de admiração.
TP - A era das grandes revoluções estéticas acabou? Como o senhor analisa a poesia hoje?
DF - As “revoluções” ficaram um tanto fora de moda em quase todas as áreas, depois que percebemos os horrores que elas podem provocar quando tentamos colocá-las em prática — não só na política ou na vida social, mas também nos vaidosos experimentos estéticos. Quase todos aqueles recortes de jornal que um dia formaram “colagens” tidas como ousadas em seu tempo, e que hoje estão expostos permanentemente no Centro Pompidou em Paris, estão cobertos por uma poeira histórica bastante constrangedora. Toda manhã, as faxineiras gostariam de limpá-los ou mesmo jogá-los fora, como se fossem objetos velhos e inúteis. Liberar espaço, deixar o ar fresco entrar.
Ou seja, até os experimentos estéticos envelhecem — muitas vezes de forma desastrosa — depois que aspirantes a artistas tentam imitar alguns poucos inovadores autênticos, acreditando que basta brincar de fazer arte (geralmente de forma espalhafatosa) para inventar algo novo. A maioria das composições surrealistas, cubistas, fauvistas, minimalistas e tantas outras “istas” tem sido, há algumas boas décadas, copiadas pela indústria do kitsch — tudo virou um tipo de ready-made produzido em bairros degradados, barato e feito para agradar apenas quem carece de sensibilidade estética básica.
Não me refiro à arte popular (nesse sentido, o “antropofagismo” brasileiro — pouco conhecido na Europa — preservava uma dose de ironia popular muito simpática); estou falando das barulhentas revoltas estéticas, especialmente nas artes visuais, que quiseram fazer tábula rasa da enorme diversidade das épocas clássicas anteriores.
Durante mais de um século, o texto poético foi mutilado com uma fúria inexplicável — tanto por experimentos improvisados quanto pelas ferramentas de tortura da censura. Não é de se espantar, portanto, que o leitor comum, sem grande experiência de leitura mas com uma sensibilidade autêntica e natural, hoje em dia tenha dificuldade de captar o fio da emoção na poesia — se é que ela ainda existe.
Para alguns, o experimento foi genuíno (Pessoa, Vallejo, Huidobro, Guimarães Rosa, Clarice Lispector etc.); outros destruíram a linguagem como forma de protesto contra os absurdos da história — principalmente os dadaístas. Dois compatriotas meus, Tristan Tzara e Gherasim Luca, iniciaram e levaram às últimas consequências esse tipo de sabotagem da língua francesa (o último chegou a dessignificar totalmente a frase, elevando a gagueira e a paralalia ao nível de enunciado poético que rejeita qualquer comunicação explícita).
Ao mesmo tempo, porém, poetas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes — que tive o prazer de traduzir — conseguiram manter uma relação de empatia e comunicação com o leitor, mesmo estando também “eletrocutados” pelos relâmpagos de todas as vanguardas, sem, no entanto, ficarem de cabelo em pé por causa delas.
O grande artista Cândido Portinari e o incrivelmente complexo poeta Carlos Drummond de Andrade permanecem heróis fundadores de um modernismo brasileiro que, em muitos aspectos, se liberta das fontes de inspiração europeias, criando uma identidade artística brasileira inconfundível. A delicadeza dos retratos de Portinari — presente até em seus murais mais grandiosos, que evitam a gigantomania mexicana — ou a forma como Drummond dialoga com Dante com a mesma naturalidade com que fala com seu famoso José de Minas, são grandes momentos artísticos que só poderiam ter surgido no Brasil.
Esse tipo de modernismo denso, com múltiplas referências à grande tradição universal, mas profundamente engajado com a história do Brasil e com um forte questionamento ontológico, é sem dúvida a direção mais fértil que os escritores autênticos de hoje continuam a seguir — mesmo que, de tempos em tempos, também sejam empurrados por modas como o minimalismo, o transgenerismo, o behaviorismo, o pós-humanismo ou outros “ismos” que surgem periodicamente, como surtos de acne no rosto dos adolescentes.
TP - Há um certo ceticismo em relação às democracias ocidentais, no sentido de que elas não foram capazes de oferecer respostas às necessidades das pessoas em diversos aspectos. Isso permitiu o retorno de ideologias radicais e movimentos fundamentalistas? Deixamos, de modo geral, de buscar uma compreensão mais profunda da evolução humana para adotar uma forma de pensar simplista, reduzida a slogans? A internet contribuiu para isso?
DF - Todas as democracias ocidentais deveriam, de fato, reabrir o diálogo interno sobre as normas de convivência em sociedade, como se estivessem redigindo um novo “contrato social”. Ou como nos momentos inaugurais em que os Estados-nação escolhiam suas primeiras assembleias constituintes. Pensávamos que, há mais de um século, a escola e os programas pedagógicos se ocupavam da formação de crianças para que se tornassem cidadãos conscientes e engajados na vida pública. Eis que não é bem assim. Paradoxalmente, a maioria das democracias modernas se dá ao luxo de relegar a educação social ao último plano, ou de tratá-la como uma disciplina opcional.
E a sociedade do espetáculo exalta, antes de tudo, a inventividade lúdica, aquela que exige pouco esforço, promovendo assim um estilo de vida assumidamente frívolo, irresponsável, multiplicado depois pelas redes sociais, que ventilam todas as trivialidades da chamada comunicação interativa.
Não é de se estranhar que ideologias radicais e movimentos fundamentalistas — que já existiam no século XIX tanto na Europa Ocidental quanto na Rússia quase feudal e no Sudeste Asiático colonizado (e que, na América do Norte, se apresentavam sob a forma de uma grande conquista do Oeste selvagem) — retornem com força e se façam visíveis justamente nessas mesmas redes, aproveitando-se da negligência cúmplice dos governantes.
O pensamento crítico se forma lentamente, acompanhado pela paciência e competência pedagógica do mentor. Seria bom recomeçarmos do zero, caso não queiramos todos nos tornar autômatos norte-coreanos, adoradores de várias dinastias de ditadores.
TP - O senhor traduziu importantes poetas brasileiros. Há outros em vista?
DF - Por um grande golpe de sorte, chegaram até mim, na juventude, alguns poemas de Carlos Drummond de Andrade, e consegui enviar-lhe, no Rio, a revista Secolul 20, onde eu havia publicado várias traduções de sua obra. E o mestre — no círculo próximo do qual se encontrava também um transfuga romeno, especialista nas vanguardas europeias, Stefan Baciu — me mandou uma antologia com uma dedicatória generosa que, pasme, conseguiu atravessar o famigerado muro ideológico e chegou direto à minha caixa de correio. Essa antologia foi a base da coletânea que publiquei mais tarde na Romênia.
Antes disso, eu já havia traduzido poemas de Manuel Bandeira, e, posteriormente, publiquei uma grande antologia bilíngue de Vinicius de Moraes — porque gosto não apenas dos poemas que ele musicou, mas também dos seus rios de imagens nos textos longos e líricos. Descobri e traduzi Marco Lucchesi mais tarde, e me alegro que esse grande humanista tenha se tornado um nome familiar ao leitor romeno.
Gostaria de preparar uma antologia de Manuel de Barros, que me foi revelado pelo grande prosador português António Lobo Antunes, meu amigo de uma vida inteira.
Também gostaria de traduzir um romance de Jorge Amado, que frequentei tanto em Lisboa quanto em Paris, ou a grande epopeia Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, a quem conheci em sua Itaparica natal.
Admiro os romances de Clarice Lispector, assim como a prosa inspirada de Euclides da Cunha e o estilo inimitável de João Guimarães Rosa... Mas só tenho duas mãos — e o sentimento do mundo, como diria Drummond!
TP - Nossas línguas têm uma origem muito próxima. Há grandes escritores em seu país, assim como no Brasil. Como aproximar mais nossas literaturas?
DF - Acredito que a redescoberta da nossa latinidade comum — com toda a complexidade que ela carrega, estando cada uma das nossas culturas situada em extremos geográficos — é relativamente recente, tanto na Romênia quanto no Brasil. Isso se deve, em parte, à intensificação sem precedentes dos intercâmbios entre pessoas e instituições dinâmicas de ambos os países.
É verdade que os romenos traduziram um número um pouco maior de obras de autores de língua portuguesa (e não apenas do inevitável Coelho!): Machado de Assis, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Marco Lucchesi, entre outros. Por sua vez, as editoras brasileiras começam a nos descobrir e a nos publicar também, sobretudo depois do crescimento das traduções da literatura romena em diversos países hispânicos.
Fiquei extremamente feliz com a publicação da antologia Intimidade distante, em 2022, em formato digital, pela editora TESSERACTUM — iniciativa generosa da distinta professora universitária Ana Maria Haddad.
E agora, novamente com o apoio da professora Haddad, mas também com uma sensível pósfacio assinada por Lúcia Barbosa e na magnífica tradução do querido poeta Marco Lucchesi, aparece Odisseu com seu remo-pá carregado no ombro sob o Cruzeiro do Sul — obra pela qual agradeço à esplêndida editora Patuá.
A recepção calorosa que o livro já recebeu de dezenas de leitores, especialmente durante o duplo lançamento, principalmente no Centro Cultural CFP Clarice Lispector, foi um dos momentos mais emocionantes que um poeta pode viver em sua existência.










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