Governo entrega ao STF vídeo da reunião ministerial

A Advocacia Geral da União (AGU) encaminhou nesta sexta-feira (8) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, o qual o ex-ministro Sérgio Moro diz que contém as provas das tentativas de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O ministro Celso de Mello, que havia determinado ao Palácio do Planalto a entrega da gravação em 24 horas, informou que decretou sigilo das informações apresentadas até que a Procuradoria-Geral da República se manifeste.
“Determino que incida, em caráter temporário, a nota de sigilo sobre o HD externo encaminhado a esta Corte, no dia de hoje, pelo senhor Advogado-Geral da União”, disse o decano do STF.
Na quarta-feira (6), a AGU havia pedido para que o vídeo não fosse entregue, alegando que, na reunião, "foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros". Ontem (7), a AGU reconsiderou e pediu para entregar apenas o trecho das imagens que tenham a ver com as denúncias de Moro.
A defesa de Moro, no entanto, pediu que as gravações fossem disponibilizadas na íntegra à Justiça.
“Onze filhos da puta”
Segundo a colunista do UOL, Thais Oyama, uma das razões que leva Bolsonaro a relutar em entregar a gravação da reunião se deve a xingamentos proferidos pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao criticar decisões do STF. Weintraub afirmou, segundo a colunista, que a Corte era composta por “onze filhos da puta”.
Moraes ignora recurso sobre Ramagem
O ministro do STF Alexandre de Moraes ignorou o recurso apresentado pelo governo e mandou arquivar o processo sobre a nomeação, por Bolsonaro, do delegado Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
"Como já tive oportunidade de ressaltar, nestas hipóteses, não se vislumbra a possibilidade do surgimento de qualquer benefício prático na continuação do processo. Diante do exposto, julgo prejudicado o mandado de segurança", escreveu o ministro.
Moraes barrou a posse de Ramagem, no último dia 29, mas Bolsonaro insistia na nomeação do delegado, amigo da família e ex-coordenador da segurança de sua campanha a presidente.
Segunda-feira (4), Bolsonaro nomeou o delegado Rolando de Souza para o cargo de diretor-geral.