Valor do Renda Brasil ainda é dúvida para governo
O programa Renda Brasil, que vai substituir o Bolsa Família, está dando muita dor de cabeça ao ministro Paulo Guedes (Economia) e equipe. A proposta inicial era aumentar o valor, que hoje é de R$ 190 em média, para R$ 270. Para cobrir o custo, programas sociais considerados ineficientes pela pasta seriam extintos — entre eles o abono salarial, pago anualmente a trabalhadores que ganham até dois salários — o que não agradou ao presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro recebeu a primeira versão da proposta na semana passada, mas fez duras críticas, especialmente ao fim do abono salarial. Depois disso, o lançamento, que seria na terça-feira (25/8) foi adiado, e o presidente pediu ao ministro que apresente alternativas, principalmente em relação ao custeio.
"Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar para um Bolsa Família ou um Renda Brasil. A proposta, como a equipe econômica apesentou para mim, não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos", afirmou em discurso, durante cerimônia em Ipatinga (MG) na quarta-feira.
A equipe de Guedes prepara agora outro desenho para o novo benefício, que começaria a ser pago no ano que vem, a partir de um valor entre R$ 220 e R$ 230. Bolsonaro tem pressionado para que as parcelas não fiquem abaixo de R$ 300, mas não há consenso no governo sobre os programas que seriam extintos para cobrir os custos.
Os cálculos da equipe econômica consideram que para pagar R$ 270, 27 programas sociais existentes hoje, incluindo o abono, teriam que acabar. Para atingir ou superar os R$ 300 pretendidos por Bolsonaro, o fim das deduções do Imposto de Renda teriam que entrar nessa conta.
O novo modelo de Guedes, que deve ser anunciado nos próximos dias, prevê que o programa comece pagando valor menor, que seria ampliado com o tempo, dependendo das decisões futuras do governo e do Congresso sobre a extinção de outros benefícios.
O grande desafio da equipe econômica é encontrar espaço dentro do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas públicas à variação da inflação. Guedes defende que o valor do auxílio emergencial pago a trabalhadores caia gradualmente até fim do ano, atingindo o patamar do Renda Brasil. Assim, seria possível ligar os dois programas.
*Com informações da Folha Online.