top of page
banner internet 452 anos niteroi 780x90px 31 10 25.jpg

Varíola dos macacos se aproxima do Brasil

O vírus 'primo' da varíola original não está mais restrito ao continente africano. Ele já foi detectado em pelo menos 19 países e chegou à América do Sul. O Ministério da Saúde da Argentina confirmou, nesta sexta-feira (27/5), o primeiro caso da chamada varíola dos macacos, doença comumente encontrada na África que, há algumas semanas, passou a registrar transmissão local na Europa e na América do Norte.

ree
Representação artística do vírus da varíola / Roger Harris/Science Photo Library/Getty Images

De acordo com o jornal argentino Clarín, há um segundo caso suspeito no país, não relacionado ao primeiro. O ministério informou que ainda espera resultados do sequenciamento genômico para identificar se a cepa do vírus é a mesma da que está em circulação na Europa.


Após erradicar a varíola humana nos anos 1970, o Brasil agora parece viver o risco iminente da chegada da nova variante da doença. Mas o país está preparado para uma eventual nova crise sanitária, ainda em meio à pandemia de covid-19?


Especialista em vírus pox, família que inclui a varíola dos macacos, a virologista Clarissa Damaso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Comitê Assessor para a Pesquisa da Varíola da Organização Mundial de Saúde (OMS), assegura que não existe motivo para pânico porque a doença pode ser contida com vacina e medicamentos que já existem.


Mas ela destaca que a disseminação pelo mundo de uma doença antes restrita a casos na África ou importados de lá preocupa. Ainda não está claro como o vírus está se espalhando, mas a OMS já está acompanhando atentamente todos os casos. As vias características são respiratória face-a-face e contato direto com as lesões, mas isso não explica o surto atual.


Clarissa esclarece que a vacina para esses casos é a da varíola comum.


"Os vírus da varíola humana e da de macaco pertencem à mesma família, Poxviridae e ao mesmo gênero, Orthopoxvirus. Os orthopox causam imunidade cruzada. Isto é, a vacina para um oferece proteção contra os outros. A vacina da varíola humana protege contra a varíola de macaco. Mas vale lembrar que as pessoas nascidas depois de 1979 no Brasil não foram vacinadas porque este foi o último ano antes da declaração de erradicação. A varíola é a única doença humana erradicada no mundo e a OMS a classificou dessa forma globalmente em 1980. Alguns países pararam de vacinar até antes", conta ela.

ree
Varíola dos macacos / Foto: Gerd Altmann /Pixabay

Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o momento é de preocupação. Ela lembra que o Brasil não produz mais vacinas contra a varíola e não tem feito investimentos no setor. A especialista explica que a doença do século passado era causada por um "vírus primo" da varíola do macaco. E na realidade, esta cepa, apesar de identificada em macacos, é oriunda de pequenos redores que habitam florestas tropicais africanas.


A letalidade da varíola atual é mais baixa. Enquanto a original tinha mortalidade em torno de 30% dos casos de infecção, a dos macacos é uma versão mais branda, mas longe de ser desprezível, que vitima cerca de 3% dos contaminados.


"Esta é uma mutação do vírus, que se adaptou melhor à espécie humana. Assim, o vírus ficou mais transmissível de humano para humano. A doença estava restrita ao continente africano e relacionada a pessoas que viajavam [para países africanos] ou que transmitiam para outras, mas sempre em conexão com a África. Não é o que ocorre agora", aponta Maciel, lembrando que já há confirmação de transmissão comunitária no Reino Unido, sem qualquer relação com o continente africano.


A vacinação segundo os especialistas ainda não é necessária para a população em geral, mas é uma opção para pessoas que tiveram contato com os doentes e para profissionais de saúde nos países em que casos estão sendo registrados. No Brasil, não haveria problema para produzir o imunizante em larga escala, se fosse necessário.


Além da vacina, dois novos medicamentos antivirais foram desenvolvidos para biodefesa de militares e pesquisadores de vírus pox, e aprovados em 2019 e 2021 nos EUA. Se necessário, também podem ser produzidos em quantidade.

ree
Reprodução

Grupo de trabalho


Uma comissão de sete pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai integrar o Grupo de Trabalho (GT) criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para para acompanhar a disseminação do vírus monkeypox, que causa a varíola do macaco. O GT será em caráter consultivo e temporário.


A criação do grupo de vigilância científica, por meio da consulta aos especialistas, é necessária diante dos casos de infecção registrados no Reino Unido, Portugal, Espanha, Estados Unidos, e agora na Argentina. Segundo a pasta, até o momento, não há registros de casos varíola dos macacos no Brasil.


A formação segue a mesma ideia da formação da RedeVírus MCTI, comitê de especialistas instituído em fevereiro de 2020, antes mesmo de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia do coronavírus. O comitê de especialistas presta assessoramento técnico-científico à pasta sobre as estratégias e necessidades na área de ciência, tecnologia e inovação necessárias na área de saúde.


Os pesquisadores produziram dois informes técnicos sobre a doença, envolvendo as principais formas de contágio e as informações disponíveis sobre os casos registrados em outros países.

ree
Foto: iStock

Números

Até a última terça-feira (24/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou 131 registros de varíola dos macacos e outros 106 casos suspeitos desde o relato da primeira infecção, em 7 de maio, conforme noticiado pela CNN Brasil. Os casos foram detectados em 19 países diferentes, onde a doença não é considerada endêmica, segundo o órgão.


Origem


A varíola dos macacos (monkeypox) foi transmitida aos seres humanos a partir de animais, e é considerada uma zoonose. O nome da doença tem origem na descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório dinamarquês em 1958. No entanto, o reservatório animal permanece desconhecido, embora seja provável que esteja entre os roedores, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).


Segundo a OMS, o contato com animais vivos e mortos através da caça e do consumo de carne de caça são fatores de risco conhecidos.


O primeiro caso humano foi identificado em uma criança na República Democrática do Congo em 1970. Desde então, a maioria dos casos foi relatada em regiões rurais e florestais da Bacia do Congo, particularmente na República Democrática do Congo. Casos em humanos têm sido cada vez mais relatados em toda a África Central e Ocidental.


Fotos: Pixabay

Transmissão


Ainda não está claro para as agências de saúde e controle de doenças como se dá a transmissão, há duas principais hipóteses: por relações sexuais e por meio de aberturas/feridas no corpo.


Autoridades sanitárias de países como Espanha, Portugal e Grã-Bretanha reiteraram suspeitas de que as infecções estariam ocorrendo por via sexual, aconselhando a todos o uso de preservativos e mais cuidados nas relações.


A transmissão pode se dar por:


- Gotículas do vírus

- Contato direto com lesões ou fluídos corporais de uma pessoa infectada

- Contato indireto por meio de roupas ou lençóis contaminados


Sintomas


O tempo de incubação (da infecção até os sintomas) varia de 7 a 14 dias, mas pode variar de 4 a 21 dias


Os primeiros sintomas são:


- Febre

- Dor de cabeça

- Dores musculares

- Dor nas costas

- Linfonodos inchados

- Arrepios

- Exaustão


Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo. As lesões progridem a partir dos seguintes estágios:


- Máculas (mancha na pele acompanhada de lesão)

- Pápulas (lesões na pele que podem ser roxa ou marrom)

- Vesículas

- Pústulas (bolas com pus que aparecem na pele)

- Crostas

ree
Reprodução

Prevenção


Existem várias medidas que podem ser tomadas para prevenir a infecção da varíola dos macacos:


- Evitar contato com animais que possam abrigar o vírus

- Evitar o contato com qualquer material como roupas de cama que tenha tido contato com pessoas infectada

- Isolar os pacientes

- Higienização das mãos

- Utilização de máscaras

Tratamento


Ainda não há um tratamento específico para a varíola do macaco, mas a vacina existente contra a varíola pode ser usada e ela é até 85% eficaz. A vacina antivariólica foi aplicada em massa no Brasil até 1980, quando a doença foi erradicada no país e no mundo.


A vacina, atualmente, existe em estoques de segurança por razões de biodefesa, já que o vírus varíola é considerado uma arma biológica. Recentemente foi aprovada nos EUA e Europa uma vacina mais moderna, que não forma pústula. É feita com um vírus vaccínia mais atenuado, o BN-MVA, que não se replica em seres humanos. É indicada para militares e pessoas que pesquisam vírus Pox.






Comentários


cvv.jpg
banner internet 452 anos niteroi 300x250px 31 10 25.jpg
Chamada Sons da Rússia5.jpg

Os conceitos emitidos nas matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal. As colaborações, eventuais ou regulares, são feitas em caráter voluntário e aceitas pelo jornal sem qualquer compromisso trabalhista. © 2016 Mídia Express Comunicação.

A equipe

Editor Executivo: Luiz Augusto Erthal. Editoria Nacional: Vanderlei Borges. Editoria Niterói: Mehane Albuquerque. Editor Assistente: Osvaldo Maneschy. Editor de Arte: Augusto Erthal (in memoriam). Financeiro: Márcia Queiroz Erthal. Circulação, Divulgação e Logística: Ernesto Guadalupe.

Uma publicação de Mídia Express 
Comunicação e Comércio Ltda.Rua Eduardo Luiz Gomes, 188, Centro, Niterói, Estado do Rio, Cep 24.020-340

jornaltodapalavra@gmail.com

  • contact_email_red-128
  • Facebook - White Circle
  • Twitter - White Circle
bottom of page