Vereador aponta divergências em números de óbitos
Em reunião realizado esta semana na Câmara de Vereadores, com apresença do pesquisador da UFRJ Roberto Medronho, membro do Comitê Técnico Científico Consultivo do Plano de Transição Gradual para o Novo Normal, criado pela prefeitura de Niterói, o presidente da Comissão de Saúde da casa, vereador Paulo Eduardo (PSOL), levantou o que ele chamou de divergências entre as estatísticas oficiais da prefeitura e os dados apresentados pelos cartórios de registro civil da cidade em relação às mortes por Covid-19.
Segundo o parlamentar, na semana de 13 a 20 de julho as autoridades sanitárias do município confirmaram 22 óbitos em decorrência do novo coronavírus, enquanto as informações cartoriais somaram 34 mortos. Paulo Eduardo defendeu uma investigação para determinar se a disparidade é fruto de atraso na comunicação das mortes pelas unidades de saúde ou se uma parte dos registros de óbitos se refere a pessoas que residiam em outros municípios, entre outras possibilidades.
O atraso na comunicação dos óbitos foi, inclusive, abordado pelo pesquisador da UFRJ, que apontou a existência de problemas em todo o país.
"Ouso dizer que é uma questão política. Estou falando de todo Brasil, não estou fazendo nenhuma acusação à prefeitura A, B ou C. Acaba sendo por uma questão política. Será que todos querem realmente a transparência total de tudo que ocorre? Porque até hoje, ao longo de anos, nós vamos melhorando nossos sistemas de informação, mas ainda não está suficientemente adequado para enfrentar uma epidemia qualquer de dengue, zika, chicungunya, e agora está mostrando no caso da pandemia de Covid a mesma coisa", afirmou Medronho.
Paulo Eduardo questionou mais uma vez o que apontou como "falta de transparência da prefeitura" na divulgação dos indicadores da doença na cidade, alegando que desde antes da flexibilização apenas cinco dos 12 indicadores fundamentais para análise do desenvolvimento da Covid-19 no município estavam sendo divulgados pelo município.
Ele também disse desconfirar dos dados sobre a ocupação de leitos nos hospitais privados. Para o vereador, os números não fazem sentido:
"Eu não posso auditar porque eu não tenho os valores diários. Se eu não tenho esses dados com transparência, vamos ter que fazer a avaliação a partir dos casos confirmados e as medidas de flexibilização adotadas ao longo do tempo. Já cobramos da prefeitura os dados diários para além dos semanais consolidados divulgados, mas não obtivemos resposta. Todos os dados dos 12 indicadores utilizados para determinar as bandeiras, listados pelo Decreto Municipal, precisam ser de acesso público diário e não são. Isso me autoriza a desconfiar dos dados semanais, infelizmente", afirmou o parlamentar.
Também presente à reunião, o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, demonstrou preocupação com a volta às aulas na cidade, que, segundo ele, pode colocar em risco 45 mil crianças e professores.
"Mesmo com uma retaguarda hospitalar mais robusta, nós temos uma taxa de óbitos que nós consideramos alta, preocupante. Nos parece que o ideal seja esperar", disse o deputado.
Participaram também da reunião os vereadores Paulo Velasco e Rodrigo Farah, membros da Comissão de Saúde da Câmara Municipal.
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