Vereador negacionista agora denuncia falta de distanciamento na GM
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Vereador negacionista agora denuncia falta de distanciamento na GM


Douglas Gomes, que agora denuncia falta de distancimento, sendo preso no ano passado por desafiar a quarentena

Preso no ano passado por tentar liderar uma manifestação contra as medidas de distanciamento social impostas pela prefeitura de Niterói, o vereador Douglas Gomes (PTC) - único representante da corrente bolsonarista eleito na cidade em 2020 -, ao assumir a cadeira na Câmara Municipal, tentou, como sua primeira ação parlamentar, derrubar o Projeto de Lei que impõe a obrigatoriedade da vacinação no município e vem se recusando reiteradamente a usar a máscara dentro do plenário Brigido Tinoco.

Nesta terça-feira, 16, porém, em flagrante contradição, apresentou, no grupo fechado do Conselho Municipal de Segurança do WhatsApp, uma denúncia por falta de distanciamento social dentro de uma viatura de apoio logistico que levava guardas municipais para os seus postos de trabalho espalhados pela cidade. Ele publicou dez fotos mostrando, praticamente todas, o mesmo cenário interno de uma van com sua capacidade máxima preenchida com guardas municipais - todos de máscara - sentados e em pé, no corredor do veículo, seguida de críticas indignadas:


Foto-denúncia da falta de distanciamento na viatura da GM. Todos de máscara, ao contrário do vereador na Câmara

"Absurdo! Olha como os guardas estão sendo transportados nesse exato momento. Distanciamento sendo respeitado (sic)" e "vergonhoso este tratamento", escreveu o vereador no grupo formado por autoridades da área da segurança, parlamentares, representantes do governo, jornalistas e pessoas envolvidas de alguma forma na questão da segurança pública.

Partindo de alguém que sempre se bateu contra as medidas sanitárias de contenção da pandemia, em uma clara postura negacionista do surto de coronavírus, a denúncia despertou a atenção do representante do jornal TODA PALAVRA, que fez um questionamento jornalístico sobre a intervenção do parlamentar no grupo:

"Curiosidade de repórter: o Douglas que está fazendo essa denúncia é o mesmo que foi preso no ano passado por liderar uma manifestanção em frontal desrespeito às normas de distanciamento social; e também o mesmo que faz questão de não usar máscara no plenário da Câmara de Vereadores; e também o mesmo que botou arma na mesa para dizer que é contra a obrigatoriedade da vacina?"

Sem conseguir negar a contradição - motivada provavelmente pela tentativa dele de procurar se colocar como liderança representativa dos agentes da Guarda Municipal -, Douglas Gomes reproduziu em seguida o solene desprezo com que trata em suas redes sociais a imprensa profissional e independente, a exemplo do comportamento antidemocrático repetido por sua liderança política maior, o presidente Jair Bolsonaro, com afrontas quase diárias à liberdade de imprensa.

Na falta de argumentos para justificar a extravagância, o vereador repetiu os ataques que vem costumeiramente fazendo em redes sociais ao jornal e ao seu editor-chefe sempre que uma notícia publicada pelo TODA PALAVRA não o agrada, classificando o veículo de "esquerdista" e o jornalista - com 40 anos de profissão - de "militante político".

Participante também do grupo, o Cel. Paulo Henrique de Moraes, secretário municipal de Ordem Pública, disse que irá investigar a denúncia do vereador.


Quebras de decoro

Em menos de dois meses de mandato, o vereador estreante tem acumulado críticas e até mesmo denúncias de quebras de decoro por parte de seus pares na Câmara Municipal, até agora sob o olhar complacente do presidente da casa, Mílton Cal (PP). Atitudes como exibir uma uma pistola em seu gabinete, em frontal desrespeito ao Regimento Interno que proíbe o porte de arma nas dependências da casa, e a insistência em se recusar a usar máscara - imposição das normas municipais de combate à pandemia - nas sessões plenárias foram alvos de críticas e até de representações de outros vereadores - como Paulo Eduardo Gomes (PSOL) e Binho (PDT) - contra ele.

Vídeo da sessão em que Douglas Gomes, sem máscara, fala da tribuna e se recusa a usar a proteção


Na última quarta-feira, 10, enquanto ocupava a tribuna, Douglas Gomes interrompeu seu discurso para se dirigir de forma desrespeitosa ao chefe de gabinete da Comissão de Saúde da Câmara, Fernando Tinoco, que, sentado a menos de dois metros do parlatório, recebia no rosto respingos da saliva do orador. Diante do incômodo demonstrado por Tinoco, Douglas disparou:

"Não adianta ficar se mexendo ou incomodado porque eu estou sem máscara. Vou ficar sem máscara. Vou ficar sem máscara. Vou ficar sem máscara", repetiu várias vezes.

Pouco depois, o vereador Fabiano Gonçalves (Cidadania) pediu um aparte, que Douglas Gomes lhe concedeu, não para tratar do assunto em discussão, mas para fazer um apelo ao colega para que colocasse a máscara. Usando de polida educação e pedindo respeitosamente que ele adotasse uma medida que é obrigatória a todos, Fabiano não logrou resposta à altura:

"Vou terminar minha fala nesta casa esta noite sem máscara", afirmou Douglas Gomes, alegando que o vereador Luiz Carlos Gallo (Cidadania) também não usava a proteção ao subir à tribuna.

A atitude impassível do presidente da Câmara diante das atitudes do estreante bolsonarista tem sido questionada por um grupo cada vez maior de vereadores. Um dos questionamentos em relação a decisões da Mesa Diretora, feito pelos vereadores Galo e Benny Briolly (PSOL), foi a indicação de Douglas Gomes para o cargo de vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, presidida pela psolista. Até o momento Cal também não deliberou sobre a composição da Comissão de Ética, que terá a responsabilidade de apreciar as representações de Binho e Paulo Eduardo contra Gomes pela exposição de arma de fogo dentro de seu gabinete.


Gomes e Jordy: entre eles, sobre a mesa, uma pistola em afronta ao Regimento Interno da Câmara

Conforme denunciado em primeira mão pelo TODA PALAVRA, o fato da arma se deu no início de janeiro, quando Douglas Gomes recebeu em seu gabinete o deputado federal Carlos Jordy (PSL) para, conforme divulgado por ambos, discutir uma estratégia de combate à obrigatoriedade da vacinação em Niterói, de acordo com Projeto de Lei do final do ano passado apresentado por Paulo Eduardo e aprovado por unanimidade na casa.

Para divulgar a reunião e o seu propósito, Gomes e Jordy publicaram em suas redes sociais uma foto em que eles apareciam sentados em torno da mesa de trabalho do vereador. Sobre a mesa, uma pistola afrontava o Regimento Interno da Câmara, também conhecido por Jordy que já foi vereador na cidade. Diante da repercussão e das punições que poderiam lhe ser aplicadas, Gomes disse tratar-se da arma de um policial militar que faz segurança para Jordy, já que a única exceção aberta pelo regimento é para agentes de segurança.

O fato da exposição pública da arma, no entanto, foi tomado como uma forma de ameaça ao parlamento, segundo afirmou Paulo Eduardo Gomes.


Desafio ao lockdown

O desacato às normas públicas vem se tornando uma marca da atuação politica de Douglas Gomes. A rebeldia ao uso de máscara no plenário e a afronta ao Regimento Interno da Câmara com a exposição pública de arma nas dependências do legislativo municipal por alguém que, como legislador, deveria ser o primeiro a respeitar as leis, foram precedidas, no ano passado, por um ato ainda mais grave, que o levou a ser preso e conduzido de camburão à delegacia.

No momento mais agudo da epidemia na cidade, quando o então prefeito Rodrigo Neves endureceu as regras de isolamento social, chegando bem próximo de um estado de lockdown como medida extrema para conter o avanço da covid-19 em Niterói, Douglas Gomes, descumprindo uma determinação da Justiça, que proibiu aglomerações na cidade em ação movida pelo Ministério Público, convocou uma manifestação para uma manhã de domingo na Praia de Charitas.

Para fazer cumprir a ordem judicial, a Polícia Militar dissolveu a manifestação, levando Gomes preso para a 76a DP. Foram necessários vários homens da PM para conter o agora vereador, que, em estado de grande excitação, resistia à prisão e tentava incitar os PMs à insubordinação, repetindo a expressão "homens justos cumprem ordens justas".

Veja o vídeo da prisão:


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