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Vereadores aprovam moção de repúdio a prefeito de SG


Foto: Reprodução

Os vereadores de Niterói aprovaram uma moção de repúdio contra o prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson (PL), em sessão plenária realizada na última quinta-feira (20/10). Durante um evento de campanha para o presidente Jair Bolsonaro (PL), na última terça-feira (18/10), Capitão Nelson se referiu às cidades de Niterói e Maricá como "um bando de filhos da puta".


O prefeito de São Gonçalo estava ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em um ato de campanha do segundo turno, quando abordou o tema da distribuição dos royalties do petróleo no estado. Nelson tem travado uma disputa judicial contra as vizinhas Niterói e Maricá para conseguir uma participação maior na divisão dos recursos do petróleo. Em tom de desabafo, o capitão da PM criticou a postura dos governos da região em relação a São Gonçalo.


“No dia de ontem, vários vereadores fizeram uso da palavra, reiterando e reafirmando o apoio à moção de repúdio que fiz às palavras utilizadas pelo prefeito de São Gonçalo”, destacou o vereador Professor Túlio Motta (PSOL), autor da proposição. “É inaceitável que esse tipo de agressão ocorra. Niterói não baixa a cabeça para miliciano”, acrescentou.


O vereador Renato Cariello (PDT) parabenizou o presidente da Câmara de Niterói, Milton Carlos Lopes (PP) por colocar a proposta da moção de repúdio em votação. Segundo Cariello, o prefeito gonçalense “desdenhou da população de Niterói e Maricá”. “Um cabo eleitoral que, com sua conduta delirante e desrespeitosa, acaba tirando voto do seu candidato à Presidência da República. A população gonçalense não concorda com a fala do Capitão Nelson”, disse.


O vereador Fabiano Gonçalves (Cidadania) afirma que espera que o prefeito de São Gonçalo reflita sobre o “mal que ele causou, não só a ele, enquanto pessoa pública, mas também ao presidente, que estava ao seu lado, aos políticos ao seu redor e ao povo, que estava ali, no entorno”. “Se essa atitude começar a despertar uma animosidade entre as cidades, poderemos ter mais problemas. A força de trabalho de Niterói é, notadamente, de São Gonçalo. Os servidores desta Casa, em sua grande maioria, são moradores de lá. Teremos que enfrentar essa questão dos royalties de forma muito equilibrada e madura”, disse o parlamentar.


Gonçalves também propôs que o presidente da Câmara de Niterói convide o presidente da Câmara Municipal de São Gonçalo, o vereador Lecinho Breda (MDB), para que haja um encontro entre os parlamentares das duas cidades. A intenção do encontro é não deixar que as relações entre as duas cidades sejam prejudicadas pela fala do chefe do Executivo gonçalense.


“Temos problemas que convergem para Niterói e São Gonçalo. A questão das Barcas vai impactar todos os municípios da região metropolitana II. Vamos dar um gesto de como deve ser a política: construir pontes, não destruir pontes”, propôs.


O vereador Douglas Gomes (PL), aliado do presidente Jair Bolsonaro, votou contra a moção de repúdio. Ele aproveitou a ocasião para atacar o prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT). “Axel é tão covarde que, em vez de responder diretamente, manda sua tropa responder”, disse.


“Foi claro que o prefeito de São Gonçalo se direcionou ao Axel Grael. Querer votar uma moção contra o ataque que o prefeito sofreu, que votem. Mas querer dizer que uma população foi atacada, que a classe política foi atacada é um erro”, afirmou Douglas.


O vereador Gallo (Cidadania) lembrou que essa não foi a primeira vez que Capitão Nelson ofende Niterói. “No início da campanha de governador, ele pegou o microfone e disse que, na pandemia, Rodrigo Neves (PDT) fez uma blindagem (barreira sanitária) para não deixar que o povo de São Gonçalo entrasse em Niterói. Essa foi a primeira mentira. Não sei qual é a frustração que ele tem com a cidade de Niterói. O filho dele teve uma votação expressiva aqui. Somos uma cidade democrática. O Axel não é o responsável pela distribuição dos royalties do petróleo. Merece todo o repúdio. Essa direita da direita não sabe conviver com a normalidade e a democracia. Vamos eleger Lula e voltar à normalidade”, frisou Gallo.


Daniel Marques (União Brasil), que se absteve da votação, lamentou o desdobramento do episódio. Buscando uma neutralidade sobre o caso, Marques afirmou que não se pode piorar uma relação “com um cara que está aí até o final de 2024”, referindo-se ao prefeito de São Gonçalo. No entanto, concordou que não se pode xingar “impropérios da forma que se quer”.


“Se o prefeito Axel se sentiu, de alguma forma, atingido, deve ajuizar uma ação – indenizatória ou penal. Estamos colocando lenha na fogueira. Falo com a tranquilidade de quem não capta votos da polarização. Isso pode ter desdobramentos maiores: não vai parar nos royalties. Não acho que fazer chegar uma moção de repúdio à mão de um cara que já se retratou seja o melhor caminho. Estamos repudiando uma ação baseada em interpretação. Precisamos ter mais cuidado com isso. Perdemos tempo, discutindo essa maluquice. Vou me abster”, criticou.


O Leonardo Giordano (PC do B) afirmou que a fala de Nelson foi uma falta de responsabilidade e disse que ele tentou jogar a população gonçalense contra a população de Niterói.


“Quanto mais investimento Niterói e São Gonçalo tiverem, isso beneficia toda a região e as duas populações. Ele foi grosseiro, infeliz e não se comportou como alguém que merece o cargo. Lamento que tenhamos que passar por isso, com esses políticos bolsonaristas, que não sabem nem se conduzir a si próprios”, afirmou.


Prefeitura de São Gonçalo lamenta moção de repúdio


A prefeitura de São Gonçalo divulgou uma nota afirmando que Capitão Nelson lamenta que sua fala tenha sido mal interpretada e utilizada politicamente. “Em momento algum, referiu-se à população dos dois municípios. Ainda que tenha se exaltado, durante o discurso, o prefeito criticou especificamente a conduta dos governantes de Niterói e Maricá, em relação à questão da divisão dos royalties entre os municípios da região metropolitana do Estado do Rio”, inicia.


Sobre a moção de repúdio movida pelos vereadores de Niterói, a nota diz que o “prefeito recebe com pesar, mas não se espanta, diante do atual momento político”. “E reitera seu apreço e carinho pelos moradores de Niterói e Maricá, com os quais o gonçalense convive e mantém relações permanentes de amizade e trabalho”.


Por fim, a prefeitura mencionou a disputa pela divisão dos royalties e disse que o assunto precisa ser resolvido, porque São Gonçalo sofre os impactos da produção de petróleo, tanto quanto os vizinhos, e faz jus a uma parcela maior na divisão dos royalties. “Causa estranheza que o direito dos gonçalenses gere tanta discórdia, justamente por parte de quem sempre defendeu, na teoria, a necessária integração do Leste Fluminense”, finaliza o texto.