Volta do futebol no Rio: política em campo na pandemia
Atualizado: 17 de jun. de 2020
Competições esportivas com portões fechados poderão ser realizadas a partir desta quarta-feira (17), informou o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), ao anunciar nesta terça-feira (16) o início da "fase dois" do plano de retomada gradual das atividades econômicas na cidade.
Crivella literalmente “jogou para a galera”. Seu anúncio ocorreu poucas horas após de a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) divulgar a intenção de reiniciar o campeonato carioca nesta quinta-feira (18) - sob protesto de Botafogo e Fluminense que se programaram para voltar só em julho.
Candidato à reeleição, Crivella já vinha considerando a retomada dos esportes de alto rendimento, e ante a iniciativa da Ferj e os apelos do presidente Jair Bolsonaro, contrário à adoção de medidas de isolamento social, a decisão veio mais rápido que o esperado.
Ao anunciar a volta do futebol como parte da "retomada gradual das atividades econômicas", Crivella informou também que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que comparecerá ao jogo entre Flamengo e Bangu, previsto para ser o primeiro do retorno do Campeonato Carioca, nesta quinta. A partida ainda não foi oficializada.
"O presidente Bolsonaro prometeu que vem. Então, não vai ser vazio, o presidente Bolsonaro disse que vai vir ver o jogo", tentou gracejar o prefeito.
O retorno do campeonato carioca dividiu os grandes clubes do Rio: as diretorias do Flamengo e do Vasco, que já deram demonstrações públicas de "simpatia" ao presidente Bolsonaro, são a favor, e Fluminense e Botafogo, contra.
"Ninguém é obrigado a seguir os passos da prefeitura. Eles [Botafogo e Fluminense] não querem jogar, então, para não ter judicialização e suspender o campeonato mais uma vez pelo Tribunal de Justiça, que sempre é muito prudente, quando a pessoa pede a liminar eles concedem", comentou Crivella, fazendo uma crítica velada à concessão de uma liminar pela 7a Vara de Fazenda Pública, na semana passada, contra a abertura anunciada pela Prefeitura, que, no entanto, recorreu e obteve decisão favorável do presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
"A ideia é fazer um acordo. Quem quiser jogar, joga. Quem não quiser jogar, tem que ser respeitado e jogar só em julho", concluiu.
Aberto, mas fechado
A fase dois que se inicia nesta quarta-feira também prevê a reabertura de shoppings, que foi antecipada na quinta-feira da semana passada. Além desses estabelecimentos, centros comerciais como o Mercadão de Madureira poderão reabrir a partir de amanhã com um terço da capacidade de público e verificação de temperatura na entrada.
Apesar de oficial, o prefeito explicou que o plano de retomada é autorizativo, e que entidades esportivas e centros comerciais - que pressionaram a prefeitura pela abertura - podem decidir continuar fechados. A Prefeitura confirmou que o comércio de rua deve continuar fechado e os restaurantes e bares devem respeitar a determinação de vender apenas para viagem, delivery e drive thru. Apesar de comerciantes terem aberto lojas em Madureira e na Saara, com aglomerações, nesta terça-feira. Crivella prometeu aumentar a fiscalização.
Fase três
A fase três, prevista para começar em 2 de julho, poderá ser antecipada. Crivella dise que três dos sete critérios usados para avançar de fase já foram cumpridos. Na terceira etapa do plano, segundo ele, restaurantes, bares e lanchonetes poderão reabrir sem self-service e com ocupação de 50% dos assentos, além de lotação de uma pessoa para cada quatro metros quadrados de área. Também estão previstas na fase três as reaberturas de lojas de rua e academias, com restrições de público e atividades.
O Rio tem mais de 5 mil mortes e 43 mil casos confirmados de Covid-19, mas Crivella garante que a capital está preparada para a volta do futebol e de outras atividades não-essenciais no município.
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