12h de trabalho e eu ainda estou aqui!
Por José Juvino
Chego no local de trabalho às 6h40. Meu plantão começa às 7h. Vejo as crianças saírem para a escola nesse mesmo horário. Às 9h, o patrão sai para o trabalho. Seja gerente de banco público ou privado; seja profissional contratado pela maior empresa de petróleo brasileira; conheço, também, empresários, juízes, promotores e pastores de renomadas igrejas.

Por volta das 10h, o (a) filho (a) de maior idade sai para a faculdade. Logo, às 11h, a esposa, mãe das crianças e do adulto, vai para a academia.
O tempo logo passa. As crianças voltam da escola, o outro, da faculdade, a esposa, da academia. Por volta das 16h, o "cunhado" faz uma visita breve à irmã do esposo. Assim, no final do dia, por volta das 19h, chega o morador: bravo guerreiro, com uma aparência exausta, cara fechada, passa pela portaria sem dar um boa noite.
Ao final de toda essa rotina, meu companheiro de trabalho faz minha substituição. Comunico para todos: "eu ainda estou aqui".
Mesmo com tanto empenho e dedicação de minha parte, uma associação com status de "patrão" avalia que devemos receber um mísero reajuste para cumprir nossa função. Esquece que o valor do nosso salário tem como base o bem mais precioso do morador de condomínio: a família!
*José Juvino é coordenador do Fórum Intersindical do Leste Fluminense e presidente do SEEN (Sindicato dos Empregados de Edifícios de Niterói)
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