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Artigo - Sem opção diante da História: Brasil precisa romper com Israel


(Reprodução)
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Por Wevergton Brito*

Israel, desde sua criação artificial e ilegal, vem mantendo uma linha de coerência sem um milímetro de desvio: é um Estado pária que desrespeita, a seu bel prazer, qualquer obrigação internacional. Desrespeita inclusive a própria resolução da ONU que permitiu seu surgimento.


Injusta, trágica e cruel a Resolução 181 das Nações Unidas, de 1947! Partilhou o território da Palestina sem qualquer consulta à população local. Para piorar tudo, a ironia perversa da coisa: a conta pelos crimes do genocídio judeu na Segunda Guerra, recém terminada, crimes praticados por europeus e genocídio integralmente promovido por europeus, foi paga por um povo que não tinha qualquer envolvimento com esse horror.


Porém, mesmo a absurda Resolução 181 previa que no território palestino seriam criados dois Estados: um árabe e outro judeu, com Jerusalém como território de administração internacional.


Desde então, há quase 80 anos Israel percorre o caminho de se tornar cada vez mais sionista (sionismo = fascismo e racismo): busca inviabilizar o Estado Palestino, ignora como letra morta o status de Jerusalém, invade e ocupa territórios reconhecidamente palestinos, demolindo residências e tomando fazendas que eram da mesma família há gerações, estigmatiza, prende e assassina líderes palestinos que ousam se revoltar e submetem o conjunto da população palestina que teima em permanecer em sua terra ancestral a um regime diário de opressão e morte, violando descaradamente todas as resoluções internacionais pertinentes. Sempre com aval dos EUA, do qual é um Estado títere.


Atualmente, assistimos a uma escalada da violência sionista, incluindo um horrível genocídio promovido contra a população do maior campo de concentração do mundo: Gaza. Os números macabros todos conhecem. Não vou repeti-los. E de novo a ironia histórica: o povo que foi uma das principais vítimas do nazismo, incorpora a ideologia e os métodos nazifascistas e promove o holocausto do século 21.


“É preciso que os dois lados façam concessões”, dizem vozes mal-informadas, mal-intencionadas ou cínicas.


O que exigir mais de concessão do sofrido povo palestino? Hoje, a grande ousadia de um palestino em sua terra é simplesmente existir. Se for um palestino que além de existir resolva lutar pela sua existência digna, será um criminoso a ser eliminado, seja ele um combatente da resistência ou mesmo um bebê que chore alto sob os escombros de Gaza, despertando a irritação de um sicário sionista.


O anúncio diário de mais assassinatos de inocentes, mais assentamentos, mais deslocamento forçado e de outros absurdos correlatos é uma constante em crescimento vertiginoso e o caso da Flotilha da Liberdade é outra prova (como se outra prova fosse necessária) de que Israel sequer está preocupado com as aparências. O ataque ao barco Madleen é uma frontal violação do direito internacional. Trata-se simplesmente de pirataria e sequestro praticado em águas internacionais. Ao comentar sobre o ataque aos barcos e a prisão dos ativistas, autoridades sionistas usam o mesmo tipo de ironia atroz de um guarda da SS, ao qualificar os ativistas humanitários de “os pas­sa­geiros do iate das sel­fies”.


Com tudo isso, entretanto, o povo palestino existe e resiste. Registre-se também que ao redor do mundo muitos, como os corajosos integrantes da flotilha, estão a fazer sua parte. Em todo o planeta milhões se levantam em defesa da Palestina, muitas vezes enfrentando a repressão mais dura.


Faltam, no entanto, medidas concretas dos governos, para além de declarações indignadas, tão louváveis quanto inócuas.


É preciso isolar Israel, política e economicamente.


Do obsoleto Conselho de Segurança da ONU dificilmente se pode esperar algo, pois nada é aprovado graças ao poder de veto dos EUA. Portanto, a iniciativa deve ser tomada por países ou uma coligação de países que reivindicam o respeito aos princípios básicos do direito internacional e dos direitos humanos.


Na América Latina o Brasil é chamado a se posicionar e liderar ações neste sentido. O presidente Lula tem sido uma das vozes mais firmes a denunciar o genocídio mas já há algum tempo isso não é suficiente.


É urgente romper relações com Israel e instar países da região a seguirem o exemplo.


É certo que nações do tamanho e da importância do Brasil devem, em geral, ter o máximo cuidado para se posicionar de forma equilibrada. Porém, existem momentos na história que exigem uma exceção a essa regra e este é justamente um desses momentos.


Quando a barbárie perde os limites, as vítimas precisam de ajuda e não de discursos e a tal postura “equilibrada” transforma-se, no mínimo, em omissão.


Aliás, líderes como Neville Chamberlain, Marechal Pétain e outros, que tentaram se posicionar de forma “equilibrada” diante do nazismo, entraram para história como covardes, traidores ou cúmplices.


Quando, daqui a muitos anos, os pesquisadores estudarem as primeiras décadas do século 21 e os crimes inomináveis cometidos contra o povo palestino, as declarações oficiais estarão em segundo plano e o que irá contar de fato serão os movimentos que produziram efeitos concretos, ficando registrado na crônica da História a lista dos países e líderes que foram cúmplices ou covardes diante de um genocídio aberto. Esperemos que o nome do Brasil esteja na lista certa.


*Wevergton Brito é jornalista e vice-presidente do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz)

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