Brasil condena ataques de Israel na reunião de chanceleres BRICS
- Da Redação
- 28 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de abr.
Por Luiz Augusto Erthal
Pela primeira vez os chanceleres dos países BRICS se reuniram nesta segunda-feira, dia 28, desde a ampliação do bloco, que passou de cinco para onze membros plenos. Com a presença de alguns dos mais importantes articuladores políticos globais, como os chanceleres da Rússia, Sergey Lavrov, e da China, Wang Yi, a única ausência foi a do representante da Arábia Saudita, país que, apesar de já ter sido formalmente admitido na organização, ainda não confirmou oficialmente o seu ingresso.

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, deu as boas vindas, no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, aos chanceleres de Rússia, China, Índia, Irã, Etiópia, Emirados Árabes, Egito, África do Sul e Indonésia. Em seu discurso de abertura do encontro preparatório para para a reunião de cúpula dos líderes, em julho, sob a presidência brasileira, ele fez uma dura condenação ao genocídio do povo palestino em Gaza pelas forças de Israel.
Mauro Vieira afirmou que “a retomada dos bombardeios israelenses em Gaza e a obstrução contínua da ajuda humanitária são inaceitáveis”. Ele defendeu a retirada total das forças israelenses de Gaza, a libertação de todos os reféns e detidos e garantias para a entrada de assistência humanitária na região. O chanceler brasileiro também reafirmou a posição do Brasil a favor da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina voltando a ocupar as fronteiras de 1967 e tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
O conflito da Ucrânia também foi focalizado no discurso de Mauro Vieira, que lembrou a criação, por iniciativa de Brasil e China, em Nova York, no ano passado, do "Grupo de Amigos da Paz", reunindo países do Sul Global, com o objetivo de intermediar as negociações de paz. O chanceler ressaltou a necessidade urgente de uma solução diplomática que defenda os princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas.
Além das questões bélicas, os chanceleres do BRICS deverão discutir outros temas geopolíticos e geoeconômicos, como a governança global e a reforma do Conselho de Segurança da ONU, e o fortalecimento do sistema multilateral de comércio. Espera-se, na declaração final a ser apresentada amanhã pelos membros do BRICS, uma condenação às medidas unilaterais, como as imposições de tarifas anunciadas nas últimas semanas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
O Brasil, que também sediará no final deste ano, em Belém, a Cop 30, deverá trabalhar, ainda, para que conste da declaração a necessidade de financiamento, pelos países ricos, de um fundo internacional para o combate às mudanças climáticas.
Ao final do primeiro dia de reunião, os chanceleres do BRICS seguiram para um coquetel oferecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro no Palácio da Cidade.
Nesta terça-feira, 29, segundo dia do encontro preparatório, a reunião de chanceleres será ampliada com a participação também dos países parceiros do BRICS, quando Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão irão se juntar aos membros plenos. A entrada de novos países no grupo de parceiros, como Uruguai, Colômbia e México, defendidas pelo Brasil, além da Venezuela, já indicada na cúpula russa de Kazan, e vetada naquela ocasião pelo Brasil, também deverá ser debatida.
Assista a matéria em vídeo no canal do TODA PALAVRA no YouTube:
Comments