BRICS: a (enfim) centralidade do Rio de Janeiro
- Mehane Albuquerque
- 17 de jul.
- 3 min de leitura
Por Léo Lupi*
Foram quatro dias de reuniões entre chefes de Estado, fóruns empresariais e encontros da sociedade civil com líderes de 36 países e cerca de 4 mil participantes na Cúpula do BRICS - grupo de cooperação econômica e diplomática entre economias mundiais emergentes de países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Seria só mais um evento como tantos outros de grande porte sediados no Rio de Janeiro, se não fosse a importância geopolítica e econômica de um encontro que discute temas relevantes para a cooperação e o fortalecimento entre os países do Sul Global. Nações que, apesar de sua importância, não são protagonistas no cenário econômico mundial.
Embora a ausência de líderes importantes tenha sido sentida, o encontro aumentou a visibilidade do Rio de Janeiro como um lugar de encontros e decisões muito importantes no cenário internacional, sendo noticiado para o planeta. O município mostrou sua vertente de Capital do Mundo.
Além disso, um evento dessa proporção não só atraiu a atenção para o Rio de Janeiro como também impulsionou setores estratégicos como o turismo e o setor de serviços, gerando empregos e promovendo desenvolvimento.
Nos índices econômicos, a realização do encontro da cúpula movimentou a economia da cidade, gerando receita em setores como turismo, hospedagem, alimentação e serviços. A expectativa era de que o evento injetasse cerca de R$ 70 milhões na economia carioca, provendo renda e emprego ao trabalhador local, segundo estado da Prefeitura.
Ao carioca, além do orgulho de costume, sobra referências de como cada evento, todos bem sucedidos, podem fomentar não só o debate, mas a transformação de mentalidade sobre uma maior valorização da Cidade Maravilhosa. Não se vive só de Carnaval e festa em terras cariocas! Logo nós, que sediamos os Jogos Olímpicos de 2016 e ainda fomos a cidade-sede da Copa do Mundo de 2014, com direito a fechar com chave de ouro em pleno Maracanã, anos depois da Eco 92, acumulamos mandatos de Capital do G20 no ano passado.

Mas essa vocação de cidade-anfitriã não vem de agora. Não podemos esquecer do Pan de 2007, que surpreendeu turistas com boa hospitalidade e, quem sabe, sobra legado e inspiração para o Pan 2031, que estamos no páreo para sediar, junto com Niterói. O resultado da escolha sairá em agosto, um mês depois de ocorrer as reuniões do BRICS aqui.
E ainda neste mês de julho, mais um motivo para comemorar: o Rio foi aprovado para promover intercâmbio esportivo e cultural entre os jovens do Brics e sediar mais uma competição: Brics International Football Alliance (Bifa). Quando se falava (lá atrás) de ‘legado’, pouco se imaginava o quanto nos colocaria em holofotes adiante até da própria vocação esportiva.
A potenciabilidade da capital do Rio de Janeiro e segundo maior município do país transforma a impressão de estrangeiros em celeiro de oportunidades. Aqui temos um dos sistemas de saúde mais amplos do mundo em atendimento, com vacinação referência mundial. Afinal, não é todo país que o cidadão recebe imunizantes de ponta, na porta do supermercado ou no meio do nosso Saara, a céu aberto mesmo; além de termos preservada a maior floresta urbana no mundo, a nossa Floresta da Tijuca, que muito deve melhorar caso a tutela seja da Prefeitura do Rio, conforme já defende-se no debate nacional lá em Brasília e eu apoio!
Outro ponto importante e que deve ser destacado nesse cenário é que ser sede de debates fundamentais sobre saúde global, comércio, mudança/ justiça climática, governança da inteligência artificial e segurança internacional formaliza o Rio como uma cidade global.
Estar lado a lado a potências milenares deve ser celebrada com busca de consolidação e união com as demais nações. Mais do que nunca e diante de taxações covardes e até infantis, tudo injustificável, é logo o Rio de Janeiro que surge como ponto geográfico de debate em meio à pressão dos norte-americanos contra o Brics.
Coincidência? Talvez, porém, o fator do desenvolvimento recorrente nos una com as demais nações do grupo já que sabemos o que é batalhar por espaço no mercado global e tentar prosperar diante de regras que são ditadas de forma até imprudente, com o exemplo autoexplicativo do presidente americano Donald Trump: este que preferiu dar um tiro no próprio pé ao taxar não só o Brasil como também pátrias estrangeiras que possuem expertises que os americanos não conseguirão ser suficientes.
Acredito que, depois da pandemia, o maior desafio enfrentado neste século, seja algo que temos tudo para interpretar como oportunidade de consolidar enquanto blocos - seja BRICS ou Mercosul. O importante é unir forças com territórios que vivem realidades parecidas com as nossas, que sabem onde o calo aperta.
E, para isso, que tal mais discussão à beira-mar e a amistosidade da terra onde o turismo vira o novo pré-sal?
*Leo Lupi é subsecretário de Relações Institucionais da Secretaria Municipal de Assistência Social e presidente da Fundação Leonel Brizola no Rio de Janeiro










Comentários