Criação da moeda única na pauta da cúpula dos BRICS em agosto
Por Luiz Augusto Erthal
Editor Executivo do Toda Palavra
Keremovo, Rússia - O encontro de jornalistas dos países BRICS e da União Africana, sob o patrocínio do “BRICS Global Media Tour - Russian Edition”, aberto na segunda-feira, 03/07, em Moscou, começou em meio a uma forte expectativa em torno da próxima reunião dos países do bloco, que acontecerá no próximo mês, na África do Sul. Analistas manifestaram, na abertura do evento, a crença de que os BRICS avancem na discussão sobre uma moeda comum que possa ser adotada nas relações comerciais internacionais dos países membros, em substituição ao dólar.
Essa expectativa vem de encontro à proposta preconizada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em relação ao Mercosul. Lula tem sido enfático ao defender que os países da região estabeleçam uma moeda de referência para lastrear as suas relações comerciais, livre das influências políticas e mercadológicas às quais o dólar americano está submetido.
Se confirmada essa tendência, os BRICS podem dar em agosto um passo importante na construção da nova ordem global, perseguida, em maior ou menor grau, por seus países membros e também por cerca de duas dezenas de nações que pretendem se juntar ao bloco. É possível que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, cujas letras iniciais formam o acróstico que dá nome ao grupo dos cinco emergentes, tenham que buscar no futuro uma nova denominação que contemple também os candidatos que seriam guindados à condição de parceiros.
A cúpula deste ano, na África do Sul, deverá ser realizada dentro do formato BRICS+, ou seja, com a participação de países convidados. A ampliação do número de integrantes, porém, não deve acontecer a curto prazo. Para que os cinco países membros aceitem novos sócios, muitos estudos e avaliações deverão acontecer, sobretudo dentro de um contexto geopolítico dinâmico como o atual, segundo fontes consultadas pelo TODA PALAVRA durante o evento de mídia que acontece na Rússia.
Mais de 20 países já manifestaram o desejo de integrar o bloco. As candidaturas mais promissoras no momento,, com possibilidade de ingresso ainda este ano, segundo analistas internacionais, seriam as da Arábia Saudita e do Egito, o que ampliaria o território BRICS com a anexaçao do Oriente Médio. Argentina e Irã viriam logo depois na fila. Venezuela é outro país sul-americano que aparece com chances de ser aceito, sobretudo se o presidente brasileiro apadrinhar a sua candidatura, já que Lula tem defendido também a posição do vizinho dentro do Mercosul. Cogita-se também o ingresso de Turquia e México, muito embora as condições geopolíticas sejam mais problemáticas nos dois casos - o México por sua proximidade econômica e geográfica com os Estados e a Turquia em razão do equilíbrio político dentro da Otan e da União Europeia.
Assim como acontece com as condições de ampliação grupo, a criação de uma moeda única de referência para operações comerciais entre os países do bloco será assunto da pauta da Cúpula de Joanesburgo, mas ainda está um tanto distante da sua formulação definitiva, na opinião das mesmas fontes. Novas e exaustivas discussões deverão acontecer a partir da África do Sul para que a medida - capaz de contribuir fortemente para a desdolarização da economia global - venha a ser adotada.
O TODA PALAVRA e a Rede Bandeirante de Televisão são os dois veículos brasileiros que participam do “BRICS Global Media Tour - Russian Edition”, que reúne, neste momento, jornalistas dos países BRICS na Rússia. O evento é promovido pela Associação de Mídia BRICS em cooperação com a TV BRICS e a fundação de diplomacia pública russa Gorchakov. Depois da abertura do encontro, em Moscou, os participantes do tour se deslocaram na segunda-feira à noite para a cidade de Keremovo, na Sibéria, onde acontece, nesta quinta-feira, 6/7, a cerimônia em que serão anunciados os vencedores do Global Energy International Prize for Energy Research, uma premiação que contempla reportagens sobre questões energéticas globais.
