Inpe desmente Bolsonaro sobre fogo na Amazônia

Num discurso fora da realidade em relação aos números divulgados pelo próprio governo sobre a devastação recorde da Floresta Amazônica, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em encontro com líderes da Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname na terça-feira (11), que é "mentira" dizer que a "Amazônia arde em fogo" e culpa a imprensa e uma imaginária conspiração internacional.

“Essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira e nós devemos combater isso com números verdadeiros”, disse.

Informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) confirmam que a devastação cresceu 34% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação com o mesmo período entre 2018 e 2019.

"Eles [representantes de países que ele "convidou" a sobrevoarem região entre Manaus e Rio Branco] não acharão nenhum foco de incêndio, nem um quarto de hectare desmatado. Que essa floresta é preservada por si só. Até mesmo pela sua pujança, bem como por ser floresta úmida, como em grande parte dos senhores, não pega fogo", argumentou.

Bolsonaro usou vários dados fora da realidade e conclusões que não se sustentam. Ele disse que, se comparado a julho de 2019, o mês de julho de 2020 teve uma queda de 28% na destruição ambiental na Amazônia, quando na verdade é o contrário.

Os dados divulgados pelo Inpe em 1º de agosto mostram que, no mês de julho, houve um aumento de 28% no número de queimadas na floresta em comparação com o mesmo mês no ano de 2019.

A alta das queimadas acompanha o aumento de desmatamento acumulado de agosto de 2019 a julho de 2020, comparada com o mesmo período entre agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com dados também do Inpe.

Foram detectados, ao todo, 6.803 focos de incêndio, o segundo pior resultado histórico para o mês de julho, ficando atrás apenas de julho de 2017, quando foram registradas 7.896 queimadas.