Nunes Marques revoga prisão do bicheiro Rogério Andrade

Um dos chefões do jogo ilegal no Rio de Janeiro e apontado pelo Ministério Público (MP-RJ) como chefe de uma organização criminosa, Rogério Andrade teve seu mandado de prisão preventiva revogado pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nunes Marques é um dos ministros indicados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para o STF - assumiu a cadeira em novembro de 2020.
Com o habeas corpus, Andrade já pode deixar a condição de foragido da Justiça. O mandado de prisão contra o bicheiro, alvo de operação deflagrada em maio para combater uma rede de jogos de azar, tinha sido decretado pela 1ª Vara Criminal Especializada do Rio, no âmbito da Operação Calígula, que prendeu 14 pessoas, dentre as 30 denunciadas pelo MP-RJ, pelos supostos crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com as investigações, a organização liderada pelo bicheiro tinha como um dos integrantes o ex-PM Ronnie Lessa, réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Na operação, também foram presos os delegados Marcos Cipriano e Adriana Belém. Na casa da delegada, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foram apreendidos R$ 1,8 milhão em dinheiro vivo.
Esta é a segunda liminar dada por Nunes Marques em favor do sobrinho de Castor de Andrade em menos em um ano. Em setembro do ano passado, o ministro também já havia suspendido uma prisão preventiva, após a defesa do bicheiro apelar para o fato de que a Justiça do Rio teria desrespeitado a decisão inicial de Nunes Marques.
Na decisão atual, o ministro afirma que, assim como na liminar concedida em setembro, a nova peça acusatória é "inepta na medida em que deixou de identificar e expor o fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, notadamente pela ausência de efetiva demonstração de qual teria sido a participação do paciente (Rogério Andrade) na conduta alegadamente criminosa".