OMS: pandemia do Brasil é 'profundamente preocupante'

Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros

O atual estágio de contágio da pandemia da Covid-19 no Brasil é "profundamente preocupante" e medidas sérias precisam ser tomadas para lidar com o aumento de casos e mortes no país, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (12).

“A situação é profundamente preocupante e as medidas que devem ser tomadas devem ser as mais sérias possíveis”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, que ainda acrescentou: "Estamos muito preocupados. Não apenas pelo número de casos, mas pelo aumento no número de mortes” - as mortes diárias já ultrapassarem a marca de 2 mil.

Tedros afirmou estar decepcionado com o desempenho brasileiro na gestão da pandemia, uma vez que o sistema de saúde nacional, o SUS, é considerado modelo em todo o mundo.

“Eu esperava que o Brasil pudesse ter um melhor desempenho nas pandemias por causa do seu forte sistema de vigilância em saúde”, afirmou.

Sem fazer críticas diretas ao governo brasileiro, o dirigente da OMS destacou que a população deve receber “mensagens claras das autoridades de saúde” sobre a situação para saber como agir. De fato, as ações dos governos municipais e estaduais são contrastantes com a postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro desde o início da pandemia, deixando parte da população brasileira desorientada em relação ao comando.

O diretor de emergências, Michael Ryan, por sua vez, destacou que desde o último alerta da OMS ao Brasil, no último dia 5, os casos e as mortes por Covid subiram ainda mais.

“O sistema de saúde está com uma grande pressão no momento. Muitos países da América Latina estão caminhando na direção certa, mas não é o caso do Brasil”, afirmou Ryan.

A principal preocupação ainda é com a variante P.1, identificada pela primeira vez em Manaus e que já se espalhou para vários estados brasileiros e ao menos outros 24 países.

"O que acontece no Brasil tem conseqüências mundiais”, disse Ryan.