Português será a língua mais falada na África até 2100
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Português será a língua mais falada na África até 2100

Nesta matéria:

A colonização portuguesa na África, assim como no Brasil, deixou como principal legado a própria língua. Mas o maior contingente de falantes do português deixará de ser formado pelos brasileiros até o final deste século, devido às altas taxas de natalidade no continente africano e ao envelhecimento da população tanto na Europa como nas Américas.


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Artigo exclusivo para o TODA PALAVRA em que a escritora italiana Lívia Apa, pesquisadora da literatura africana em língua portuguesa, destaca a importância da descolonização da língua portuguesa naquele continente.

Crianças estudam português em escola a céu aberto na vila de Katchiungo, Angola / Thomas Schulze © dpa-Report

Por Luiz Augusto Erthal


Com cerca de 280 milhões de falantes atualmente em todo o mundo, a língua portuguesa, cujo Dia Mundial foi comemorado em 5 de maio, deve ser até o final deste século o idioma de quase meio brilhão de pessoas espalhadas pelos cinco continentes. Segundo a ONU, ela está entre as três línguas que mais se expandem no planeta, onde já é a quarta mais falada - atrás do mandarim, do inglês e do espanhol - e a quinta mais usada na internet.


As projeções demográficas, porém, apontam algumas surpresas para as próximas décadas. O idioma, que foi de Camões, hoje é de Chico Buarque, mas amanhã será de Mia Couto, numa definição feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, para representar a dinâmica geográfica desenvolvida pelo português ao longo dos tempos. Antes só era falada em Portugal; hoje a maior concentração de falantes está no Brasil e ainda neste século serão os africanos que mais dominarão a língua.

“Começou por ser europeia, a língua de Camões. Depois, passou a ser brasileira. A língua portuguesa hoje é, sobretudo, uma língua brasileira. É a língua do Chico Buarque ou da Clarice Lispector. E, ao longo deste século, vai passar a ser uma língua africana. Uma língua de angolanos, moçambicanos, a língua de Mia Couto, a língua do Luandino Vieira ou do Pepetela. É uma língua extremamente dinâmica", pontuou o dirigente português.


Atualmente, de cada quatro falantes do português, três são brasileiros - mais de 210 milhões. No entanto, as projeções indicam que, com o envelhecimento previsto da população brasileira e a explosão demográfica prometida por Angola e Moçambique - que hoje somam mais de 60 milhões de habitantes - até 2100 haverá, segundo o Novo Atlas da Língua Portuguesa, 487 milhões de pessoas que terão o português como língua materna, das quais a maioria será de africanos.


O primeiro salto já deve se dar até 2050, quando o número de falantes do idioma, de acordo com a publicação produzida pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), chegará a 387 milhões - 100 milhões a mais do que hoje. No Hemisfério Sul, onde se situam Brasil, Angola e Moçambique, os três países lusófonos mais populosos, o português já é a língua mais falada do mundo.


A importância do português como língua internacional, falada em todas as regiões do planeta, cresce a cada dia. A comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa realizada no início de maio, na Organização Mundial das Nações Unidas - entidade que tem atualmente como secretário-geral o português António Gutérrez -, dava provas disso, com a presença de representantes de todos os 193 países que integram a ONU.


"Se hojea nossa língua tem um considerável valor estratégico, geopolítico, econômico e cultgural, essas projeções de crescimento permitem prever um futuro auspicioso para o nosso idioma comum nas próximas gerações", disse, durante a celebração, o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Francisco Ribeiro Telles.

Telles ofereceu, como prova de prestígio, a própria proclamação da comemoração global do português, adotada em 2019 sob proposta dos estados-membros do bloco lusófono: são Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.


Além de ser língua materna nesses países, o português também é falado por milhões de falantes em países como Estados Unidos, França e África do Sul, que concentram grandes diásporas lusófonas. Segundo o Instituto Camões e o Instituto Português no Oriente, o interesse pelo aprendizado do idioma na China, principalmente na Região Administrativa Especial de Macau, tem aumentado.


O interesse pela língua no antigo território asiático português está muito ligado aos interesses comerciais da China com o Fórum Macau, uma plataforma de cooperação econômica com os países de língua portuguesa, que foi fundada em 2003 pelo governo chinês.


O interesse crescente pelo idioma português também foi apontado pelo chanceler Augusto Santos Silva, que deu três exemplos recentes da expansão da língua no mundo:


“Primeiro, o sucesso que foi, em 2019, o início de aulas de português na Escola de Línguas das Nações Unidas, com patrocínio luso-brasileiro. Segundo, o fato da criação da primeira escola bilíngue em português e inglês, em Londres. Terceiro, um protocolo que firmamos com a Universidade de Sevilha, na Espanha, para ensino da língua portuguesa.”

Língua global

As caravelas portuguesas levaram o idioma para todos os continentes. O português hoje é a língua oficial de Brasil (América), Portugal (Europa), Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique (África), na região administrativa especial chinesa de Macau (Ásia) e em Timor Leste (Oceania).


Unicef alerta para desastre econômico e social


As projeções demográficas que indicam o crescimento do número de falantes do português também indicam que em 2100 metade das crianças do mundo viverá na África, o que pode representam um "desastre social e econômico", segundo alerta do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Contribuirão para essa explosão demográfica a alta taxa de fecundidade e a diminuição da mortalidade infantil.


No entanto, o desafio para atender as demandas do crescimento populacional são imensas. Segundo o Unicef, serão necessários, até 2030, mais 4,2 milhões de profissionais da área de saúde e 4,5 milhões de professores do ensino fundamental no continente, sob pena de haver uma migração de milhões de africanos em busca de melhores condições de vida.


"Estamos na conjuntura mais critica para as crianças na África. Se agirmos corretamente poderemos livrar milhões de pessoas da pobreza extrema e contribuir para o aumento da prosperidade, estabilidade e da paz", alertou Leila Pakkala, diretora regional do Unicef para o Leste e o Sul da África.

De acordo com o estudo intitulado Geração 2030 África 2.0, em cerca de uma década a população com menos de 18 anos da África deveerá aumentar em 170 milhões, passando a contar 750 milhões de indivíduos. Em 2050 a população infantil africana representará 40% da mundial, quatro vezes mais do que os 10% que representava em 1950, ou seja, cem anos antes.

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