Sepe-Niterói denuncia casos de Covid em escolas públicas reabertas

O Sindicato dos Profissionais de Educação de Niterói (Sepe-Niterói) divulgou nesta quinta-feira (20/5) o 'Primeiro Relatório Covid nas Escolas Públicas de Niterói' (clique aqui para ler na íntegra), que denuncia casos de infecção em unidades da rede municipal e estadual de ensino, depois da reabertura para aulas presenciais, além do não cumprimento de protocolos sanitários.

Foto: Prefeitura de Niterói

Com a Greve pela Vida e pela Vacina!, decretada desde abril, o sindicato reivindica o fechamento urgente das escolas — com recesso de, no mínimo, 30 dias — vacinação dos profissionais da educação e inclusão digital de toda a comunidade escolar.

O relatório atesta que, em quatro semanas de aulas presenciais, 23 profissionais (da Educação e da CLIN) testaram positivo para Covid-19; sete profissionais estão atualmente com suspeita da doença; houve aumento de casos entre servidores que trabalham nas sedes da Fundação Municipal de Educação (FME) e na Secretaria Municipal de Educação (SME).

O documento também cita o caso de uma professora do Colégio Estadual Cizínio Soares Pinto, atualmente internada em estado grave, e a morte recente do subsecretário municipal de Educação, Bruno Ribeiro.

"É evidente, infelizmente, que a perda do subsecretário de Educação Bruno Riberio tem ligação direta com sua exposição à contaminação no trabalho presencial na gestão, nas sedes e também rodando as escolas da rede reabertas”, diz o texto.

Reprodução / Redes Sociais

Ainda de acordo com o levantamento, os protocolos sanitários adotados não estão conseguindo impedir que crianças com sintomas da doença (ou assintomáticas) frequentem o ambiente escolar. O documento destaca a lentidão ou recusa dos governos em fechar escolas após a detecção dos casos; a ausência de testagem na rede estadual; e a testagem rápida dos funcionários das escolas municipais realizada apenas uma vez, e não de forma periódica. Nas escolas municipais que estão funcionando somente para trabalho administrativo (sem aulas), não houve aplicação de testes, segundo o Sepe-Niterói.

Na rede estadual, o caso mais grave é o do colégio Cizínio Soares Pinto. Além da professora internada na UTI, quatro funcionários estão com Covid-19. No Colégio Estadual Aurelino Leal, uma professora morreu e o diretor teve a doença em sua forma grave no ano passado. Ainda assim, não há testagem ou medição de temperatura na entrada, e as aulas presenciais não foram suspensas. A Escola Estadual Doutor Memória, no Cubango, sofre com a falta de água constante.

O Sepe-Niterói contabilizou os números de infecção registrados na rede municipal. Entre as unidades mencionadas estão a Escola Professor André Trouche, no Barreto, com oito profissionais positivados e três com suspeita. A UMEI Professora Regina Leite Garcia, no Fonseca, com cinco positivados. E a UMEI Rosalda Paim, onde dois testaram positivo e outros dois estão com sintomas, mas ainda não foram confirmados. Esses, porém, não são os únicos. O relatório

Em resposta, a Secretaria Municipal de Educação de Niterói enviou a seguinte nota:

"A Secretaria Municipal de Educação e a Fundação Municipal de Educação informam que o sistema híbrido foi adotado na Rede Municipal de Educação de Niterói de forma cautelosa e responsável, com protocolos rígidos de segurança em relação à prevenção e ao combate ao coronavírus. Com reabertura gradual desde o dia 27 de abril, as escolas municipais estão funcionando de forma presencial, com turmas reduzidas e horário de funcionamento intermediário, seguindo os protocolos de segurança estabelecidos pelos órgãos de saúde. A retomada das aulas presenciais está ocorrendo sem intercorrências, conforme o planejamento da secretaria, com a presença dos profissionais essenciais e adesão crescente dos alunos e suas famílias a cada semana.

Além da sanitização das escolas – processo que será repetido a cada 3 meses -, a SME e FME seguem fiscalizando o uso obrigatório de máscaras dos alunos e profissionais, a testagem de temperatura de todos, o distanciamento entre mesas e cadeiras e a distribuição de álcool em gel nos espaços comuns. Os protocolos tratam também sobre o monitoramento constante das escolas, incluindo o afastamento, a testagem e o acompanhamento de pessoas com sintomas de gripe, além de monitorar os contatos próximos, seguindo os protocolos da Secretaria de Saúde. É importante salientar que todas as escolas são fiscalizadas e monitoradas pelas autoridades sanitárias do município, com a Vigilância Sanitária e demais equipes da Secretaria de Saúde, que são os responsáveis pela avaliação da situação sanitária das escolas.

Vale ressaltar que a Secretaria Municipal de Educação e a Fundação Municipal de Educação distribuíram equipamentos de proteção individual e de uso coletivo para todas as 94 escolas da rede. Todas as unidades receberam álcool em gel, sabonete líquido, face shield, máscaras de pano, tapete sanitizante, termômetros digitais e lixeiras com pedal para a proteção dos profissionais e alunos. Além da preparação para as aulas presenciais, a SME e a FME deram início a diferentes processos licitatórios que visam a inclusão digital da Rede Municipal de Educação para elevar a qualidade da educação online. Entre as iniciativas, estão a aquisição de tablets para os alunos do Ensino Fundamental, mais conectividade para as escolas, dados patrocinados para profissionais e alunos, assim como o auxílio para que os professores comprem aparelhos tecnológicos e possam realizar o planejamento pedagógico.

A Secretaria Municipal de Educação e a Fundação Municipal de Educação esclarecem também que foram realizadas diversas reuniões com os diferentes setores da sociedade para tratar sobre a volta às aulas presenciais, incluindo representantes dos profissionais de educação e responsáveis de alunos. As normas de segurança foram elaboradas pela Secretaria Municipal de Saúde, com base na ciência e em experiências internacionais, e estão publicadas nos documentos “Sistema de Vigilância Escolar” e “Plano de Retomada das Aulas”.