Uma sessão solene da Casa de Machado em Niterói
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Uma sessão solene da Casa de Machado em Niterói

Luiz Augusto Erthal


Em tempos de guerra não é incomum a transferência das sedes de governos para regiões mais abrigadas e protegidas do inimigo. Em tempos pandêmicos, quando se luta contra um inimigo invisível, medidas protetivas são mais necessárias ainda.

A cidade de Niterói conhece bem a experiência do exílio em si própria. Durante a Revolta da Armada, após a Proclamação da República, foi abandonada por cerca de dez anos pelos altos escalões do governo do estado, que foram se refugiar no alto da serra de Petrópolis do canhoneiro dos encouraçados do Almirante Saldanha da Gama. E vive ainda hoje o exílio sem fim da sua condição de capital fluminense, determinado pela fusão imposta de forma autoritária pela ditadura de 1964.

Mas na terça-feira, 20 de julho, ela viveu discretamente a honra de sediar a sessão solene do aniversário de 124 anos da Academia Brasileira de Letras. O brilho dos salões da Casa de Machado de Assis, no Centro do Rio de Janeiro, deram lugar ao bucolismo do jardim da casa do presidente da entidade, Marco Lucchesi, morador da Região Oceânica de Niterói, de onde foi transmitida a solenidade anual, desta vez virtual e orquestrada pelo canto dos pássaros da Serra da Tiririca.


Marco Lucchesi durante a sessão da ABL transmitida a partir da Região Oceânica de Niterói / Reprodução

A guerra contra o coronavírus não deteve a ação da mais importante instituição literária do país. Pelo contrário, a Academia Brasileira de Letras tem levantado a sua voz nos últimos meses de forma veemente contra o negacionismo e em defesa da vida dos brasileiros, e mantido uma programação acadêmica dentro dos protocolos necessários à proteção de seus membros - veneráveis senhores com média de idade que os coloca na faixa mais vulnerável da covid-19 - e ao exemplo que a ABL vem oferecendo desde o início deste drama sanitário, político, econômico e social à sociedade brasileira.

O Petit Trianon foi um dos primeiros bastiões culturais do país a fechar suas portas, sem, contudo, apagar a luz que há mais de 120 anos projeta clarões do pensamento, da arte e da literatura nacionais. A solenidade dos salões deu lugar à informalidade das lives, mas o último relatório de atividades da entidade mostra o quanto ela vem se mantendo ativa e atenta, sempre se manifestando formal e informalmente, em notas oficiais e pela atuação intelectual individual do seu presidente, nos momentos mais angustiantes e difíceis desses tempos.

Poeta, romancista, ensaísta, tradutor conhecedor de mais de vinte idiomas, Marco Lucchesi é um dos mais importantes intelectuais brasileiros, reconhecido e respeitado internacionalmente, e um orgulho para Niterói, cidade em que vive desde os oito anos de idade. Foi o mais jovem presidente da ABL e o de maior permanência no cargo depois de Machado de Assis e Austregésilo de Athayde. Ao longo de quatro mandatos, vem realizando silenciosamente um trabalho de recuperação financeira que resgata a entidade de uma crise cujas proporções ainda são pouco conhecidas do público.

Em meio às dificuldades financeiras e, mais recentemente, às limitações impostas pela crise do coronavírus, ele tem feito um profundo trabalho de inclusão, trazendo para dentro da academia os primeiro poetas da terra - os índios, e levando o melhor da produção literária nacional para dentro de quilombos e presídios; para escolas e bibliotecas de várias cidades do país através de convênios, inclusive com o Congresso Nacional; para os deficientes visuais por meio de gravação de audiolivros; para outros países de língua portuguesa em uma parceria de transporte com a Marinha do Brasil; e agora, também, deste lado da Baía da Guanabara, para os pássaros da Serra da Tiririca, que retribuem com seu canto para alegrar a Casa de Machado.


Assista, abaixo, à Sessão Solene do aniversário de 124 anos da ABL:


104 anos da Academia Fluminense de Letras

A Academia Fluminense de Letras comemora nesta quinta-feira, 22 de julho, os seus 104 anos de fundação. Presidida por Waldenir de Bragança, a mais antiga instituição acadêmica do Estado do Rio terá uma programação virtual conjunta com a Federação das Academias de Letras do Estado do Rio de Janeiro (Falerj), que realiza a sua XI Jornada Cultural.


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