Áudios revelam relações promíscuas do governo do Rio com o crime
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Áudios revelam relações promíscuas do governo do Rio com o crime


O secretário de Administração Penitenciária do Rio, Raphael Montenegro, preso nesta terça (Foto: Agência Brasil)

Escutas ambientais autorizadas pela Justiça feitas dentro do Presídio Federal de Catanduvas - de segurança máxima -, no Paraná, mostraram as relações promíscuas do governo do Rio de Janeiro com o comando de uma das principais facções criminosas do estado, o Comando Vermelho (CV). As gravações revelam acordos feitos diretamente pelo secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro - exonerado após ser preso nesta terça-feira (17) -, com o traficante Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP. Raphael foi pessoalmente ao presídio paranaense para se encontrar com um grupo de dez traficantes que se encontram presos lá, com o objetivo de transferi-los de volta para o Rio.

Em uma das conversas interceptadas, enquanto negociava com os traficantes nos dias 27 e 28 de maio deste ano, Montenegro demonstra respeito, exalta Marcinho VP e compara o poder dele ao de um "secretário de segurança".

“Você o é um cara que, porra, talvez você seja o cara mais importante do que o secretário de Segurança Pública no Rio.”

Em outro trecho, Montenegro volta a exaltar o traficante, que se encontra preso há 25 anos, e diz que respeita a história que ele construiu.

“Hoje, você, você é um cara fundamental lá, (...) você é um cara fundamental nessa virada de cultura, você é o cara que hoje fala pela maior facção do Brasil, e assim, a gente não sabe cara, e tá tudo certo... Mérito seu a gente respeita isso, uma história que você construiu, sabe você a que custo, sabe você o quanto custou construir o nome do Marcinho VP (...) Porra, quinze anos aqui e você ainda fala pela Facção, porra, é mérito pra cacete! E a gente respeita isso, como respeita não só o Márci homem, mas o Marcinho VP, o Marcinho VP, o traficante, esse cara tem que ser respeitado, a gente respeita por tudo que você construiu, agora, a gente quer que o Márcio, como homem volte, e volte num espírito cooperativo.”

De acordo com o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-4), que concedeu os mandatos de prisão contra Montenegro e dois subsecretários da pasta, as conversas gravadas demonstram "a tentativa do secretário Estadual de Administração Penitenciária e seus assessores de fortalecer, cada vez mais, a facção criminosa".

Na conversa com o traficante Luiz Claudio Machado, o Marreta, o secretário diz que sabe que os presos falam à vontade pelo celular na cadeia e que, no Rio, eles iriam ter seu espaço garantido na cadeia e que haveria apenas algumas apreensões de telefones.

"Eu não vou falar para você que não vai entrar telefone, vai entrar! Agora, mas também tem o seguinte, eu vou tentar segurar esse telefone, e vou dar geral. Assim, a gente dá esse espaço pra facção, tipo assim, dá espaço pra todas facções, não especificadamente o Comando. A gente dá esse espaço pra facção, mas a gente não quer nada de vocês cara. Não tem sacanagem, ninguém quer dinheiro, ninguém quer porra nenhuma de vocês. Agora, a gente quer cobrar, a gente quer, a gente quer sentar olhar, olho no olho, e poder cobrar."

Dentro do diálogo em que tenta fazer acordos com os traficantes, o secretário deixa claro que o objetivo é evitar confrontos com outras quadrilhas - referindo-se, sem citar, a milícias e outras facções que controlam tanto o tráfico de drogas como a exploração de serviços ilegais de luz, telefonia, água, TV fechada, construção de imóveis, entre outros. Montenegro afirma que é mais lucrativo para o CV não viver em confronto com outras quadrilhas.

“(...) A gente sabe disso (...) e a ideia, a ideia é a gente usar essa possibilidade de vocês voltarem exatamente para mostrar isso, não só entre nós mas pros caras lá fora, mostrar que assim o Comando não é mais aquele comando da guerra, o comando quer vender as parada dele e tá tudo certo, e ter o lucro dele, que é mais barato pra vocês não ter guerra. Se vocês não precisarem de 400 fuzis, tiverem só 100, para se defender, o lucro é maior pô(...)”

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