Prêmio Ciccillo Matarazzo prestigia intelectuais ítalo-brasileiros
- Da Redação
- há 1 dia
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Na noite do próximo dia 17 de junho, no Terraço Itália, acontece a segunda edição do prêmio Ciccillo Matarazzo per italiani nel mondo, em evento com a presença do embaixador da Itália no Brasil Alessandro Cortese e convidados da comunidade italiana paulistana. O prêmio foi criado em 2024 pelo empresário e ex-embaixador do Brasil na Itália Andrea Matarazzo por ocasião dos 150 anos da imigração italiana no Brasil, e é destinado a personalidades italianas que se notabilizaram em suas áreas no Brasil. Na primeira edição, o homenageado foi o empresário Rubens Ometto, que recebeu a honraria em evento na embaixada do Brasil, em Roma. A agenda também contou com uma sessão solene na Comissão de Relações Exteriores do parlamento italiano em Roma e, em Milão, um jantar organizado pelo Cônsul-geral do Brasil em Milão, Hadil da Rocha-Vianna. Neste ano, os premiados serão os intelectuais Aurora Bernardini e Marco Lucchesi, com evento no Brasil.
Os homenageados de 2025 são a romancista, pesquisadora universitária e tradutora Aurora Fornoni Bernardini, atualmente professora sênior da Universidade de São Paulo, e o escritor e poeta Marco Lucchesi, presidente da Biblioteca Nacional . “O arco de atividades acadêmicas de Aurora é impressionante. Para uma rápida referência, são 125 páginas no currículo Lattes, algo impressionante. Fez um trabalho amplamente criativo, além da contribuição acadêmica, juntando literaturas italianas e brasileiras, além da russa e inglesa”, afirma Maria Bonomi, integrante do juri do prêmio e autora da escultura que representa seu troféu. “Considero uma autoridade, no campo linguístico e literário”, completa Bonomi.
“Ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi é um intelectual de primeira linha, mas igualmente um homem de grande sensibilidade, simplicidade e modéstia. Além de profundo humanista e portador de extensos atributos morais, está comprometido com a transformação do mundo em espaço coletivo mais justo, democrático e solidário. Seu currículo é destacado pela ampla projeção de seu nome dentro e fora do Brasil”, comenta o embaixador do Brasil na Itália Renato Mosca de Souza.
Os perfis detalhados dos dois vencedores seguem mais abaixo.
"Neste ano, os ganhadores do prêmio, escolhidos através de votação de um juri notável, são intelectuais que apresentam currículos proeminentes e que contribuem para dar visibilidade à cultura do Brasil na Itália e à cultura italiana aqui no Brasil”, afirma o idealizador do prêmio Andrea Matarazzo. Matarazzo é sobrinho-bisneto do imigrante italiano Francesco Matarazzo, que saiu da cidade de Castellabate em 1881 e veio para o Brasil, onde criou o maior conglomerado industrial da América Latina à época. O prêmio leva o nome de outro proeminente descendente de italianos, Ciccillo Matarazzo, filho do também imigrante senador Andrea Matarazzo, o maior mecenas brasileiro, que criou a Bienal de São Paulo, o MAM, o MAC, a Cia. Vera Cruz de Cinema e outras instituições culturais que representam seu imenso legado no Brasil.
Júri - O júri que escolheu o homenageado é um grupo de notórios representantes do cenário cultural, político e educacional italobrasileiro. São eles: o embaixador do Brasil na Itália Renato Mosca; embaixador da Itália no Brasil Alessandro Cortese; cônsul italiano em São Paulo Domenico Fornara; embaixador Rubens Ricupero; presidente do Colégio Dante Alighieri José Luiz Farina; presidente dan Escola Eugenio Sandra Papaiz; artista plástica Maria Bonomi; galerista Luisa Strina; presidente do Instituto Comolatti Sergio Comolatti; presidente da Promo Brasile Italia Giacomo Guarnera e Raffaelle Leonetti, além do fundador do prêmio, o presidente da Matarazzo Holding Andrea Matarazzo, que foi embaixador do Brasil na Itália no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Troféu assinado por Maria Bonomi – O prêmio Ciccillo Matarazzo per Italiani nel mondo terá a entrega de uma escultura feita pela artista plástica Maria Bonomi especialmente para a honraria. Também italiana e imigrante, Maria Bonomi é nascida em Meina, no Piemonte. Bonomi se notabilizou no Brasil e no mundo como gravadora, escultora, pintora, muralista, curadora, figurinista, cenógrafa e professora, tendo participado da Bienal de Veneza e várias outras exposições internacionais. É autora do mural em concreto Ascenção, localizado no altar da Igreja da Cruz Torta em Pinheiros, entre diversos monumentos públicos em São Paulo, além de ter obras fazendo parte de acervos permanentes de museus como a Pinacoteca do Estado de São Paulo. A escultura da premiação assinada por Bonomi tem como temática os tema central do projeto, que são os 150 anos da imigração italiana no Brasil. O troféu, de estrutura pequena, é feito de bronze e aço, com diversas referências visuais de aspectos da imigração italiana ao Brasil, como a menção às origens destes viajantes – casas, povoados, cidades; a simplicidade dos cidadãos, em sua maioria vindos de zonas rurais; uma forma ascendente, fazendo referência ao desejo de trabalhar e prosperar no novo mundo; a vela de um navio, representando a travessia. Como materiais, Maria Bonomi escolheu o bronze representando o velho mundo – a Itália – se fundindo com o aço, que é o novo mundo, para onde se estava indo.
Sobre Aurora Fornoni Bernardini - Nascida em 1941 em Domodossola, Norte da Itália, Aurora é tradutora, romancista, pesquisadora e professora universitária conhecida por traduzir obras como "O deserto dos tártaros", de Dino Buzzatti, "O exército de cavalaria", de Isaac Babel e "Indícios Flutuantes", de Marina Tsvetáieva. Por este, concorreu ao Prêmio Jabuti em 2007 na categoria Tradução e repetiu o feito em 2023, vencendo então pela tradução coletiva de “Ulisses”, de James Joyce. Primeiro graduada em Letras em 1963 pela Universidade de São Paulo (USP) com ênfase na língua e literatura inglesas, Aurora teve a maior parte de sua formação acadêmica na mesma instituição. Concluiu a graduação em curso livre de língua russa em 1966, o mestrado em Língua e Literatura Italiana em 1970 e, por fim, atingiu o grau de doutora pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo com foco na Literatura Brasileira. É livre-docente desde 1978 e atua no Departamento de Línguas Orientais da mesma faculdade em que se formou doutora; tem experiência na área de Letras, com foco em Teoria e Crítica Literárias. Fez parte de diversos corpos editoriais, a exemplo da revista Política (1979-1984), Literatura e Sociedade e Revista Magma — estas últimas veiculadas à FFLCH-USP. Também é consultora científica de instituições como a FAPESP, FUNDUNESP e Universidades Federal de Lavras. Hoje é professora sênior da Universidade de São Paulo.
Sobre Marco Lucchesi - Nascido no Rio de Janeiro em 1963, é poeta, romancista, memorialista, ensaísta, tradutor e editor, Marco possui ampla produção literária, onde destacam-se os romances “O dom do crime”, “O bibliotecário do imperador” e “Adeus”. Escreveu, ainda, os livros de poesia Clio, Sphera e Maví, além de livros memórias, ensaios e uma novela; sua obra já foi traduzida para mais de quinze idiomas. No trabalho como tradutor, trouxe para o português dois romances de Umberto Eco, além de obras de Guillevic, Primo Levi, Juan de la Cruz, Francisco Quevedo, entre outros. Em 2001 concorreu o Prêmio Jabuti na categoria Tradução e em 2004 e 2015 na categoria Poesia, com Sphera e Clio, respectivamente. Professor titular de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formou-se em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e recebeu os títulos de Mestre e Doutor em Ciência da Literatura, pela UFRJ. É pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e foi pesquisador visitante do Centro de Estudos da Ásia Central, Cáucaso, Turquia, Tibet e Irã na Universidade Oriental de Nápoles (UniOr). Faz parte do corpo editorial de revistas como Poesia Sempre, Tempo Brasileiro e Mosaico Italiano e foi diretor, entre 2012 e 2017, da fase VIII da Revista Brasileira da ABL, coordenando a publicação de 23 edições. Foi colunista do Jornal O Globo de 2010 a 2018 e assinou a curadoria de exposições da Biblioteca Nacional, Câmara dos Deputados e Museu Vale do Rio Doce. É atualmente presidente da Biblioteca Nacional.
Imigração italiana no Brasil, breve contexto – Em 21 de fevereiro de 1874, o navio La Sofia chegou com o primeiro grupo de italianos em Vitória, Espírito Santo. A embarcação havia saído de Genova, no Norte da Itália, com cerca de 400 pessoas em uma viagem que, acompanhada por um médico e um padre, levou 45 dias para chegar no destino. Este momento marcaria o início da imigração em massa dos italianos ao Brasil, a partir do qual os fluxos seriam mais e mais intensos. Segundo o IBGE, de 1870 a 1920, um fluxo de cerca de 1,4 milhão de italianos entrou no Brasil, representando 42% do total de estrangeiros que vieram nesse período.
Sobre Ciccillo Matarazzo - Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, mais conhecido como Ciccillo Matarazzo, fundou a Pignatari e Matarazzo para, em seguida, ficar à frente da Metalúrgica Matarazzo - hoje presidida por Andrea Matarazzo. Tomou a liderança do projeto de criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, estabelecido em 1948. No mesmo ano, com o amigo e engenheiro Franco Zampari criou o Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, e em 49 a Companhia Vera Cruz. Ciccillo presidiu a comissão que seria responsável pela comemoração dos 400 anos da cidade: a Comissão do IV Centenário da cidade. O local escolhido para sediar a maior parte dos eventos foi o Ibirapuera, onde ele planejou, com Manequinho Lopes, construir o Parque do Ibirapuera, para cujo conjunto de edificações, a comissão convidou o arquiteto Oscar Niemeyer. Mais tarde, Ciccillo propôs a realização de uma grande mostra internacional inspirada na Bienal de Veneza: a Bienal Internacional de São Paulo, que teve sua primeira edição em 1951.
Sobre Andrea Matarazzo - De embaixador do Brasil na Itália a ministro e empresário ítalo-brasileiro, Andrea Matarazzo tem vasta experiência nas áreas pública e privada. No período em que chefiou a Embaixada do Brasil em Roma, promoveu intercâmbios empresariais, incentivando o comércio entre os dois países e fortalecendo a inovação e competência técnica das instituições. Levou o então presidente Fernando Henrique Cardoso duas vezes à Itália, onde assinou acordos e tratados. Presidente da Matarazzo Holding e diretor da Fiesp, Matarazzo tem mais de 30 anos de vida pública e atuou nos governos Federal, Estadual e Municipal. Por tantos serviços prestados, recebeu honrarias como Ordem do Rio Branco (Grau Grã Cruz), Gran Oficial Infante Dom Henrique (Governo de Portugal) e Grande Ufficiale (Mérito da República Italiana). Ministro da Comunicação no governo FHC, no estado de São Paulo foi secretário de Estado de Energia, secretário de Cultura e presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). No município, foi subprefeito da Sé; secretário Municipal de Serviços, secretário das Subprefeituras e vereador. Andrea Matarazzo é sobrinho-bisneto de Ciccillo Matarazzo, que batiza o prêmio.
Serviço
Prêmio Ciccillo Matarazzo per italiani nel mondo - segunda edição
Evento: Entrega do prêmio Italiani nel estero - Ciccillo Matarazzo
Data: terça-feira, 17 de junho de 2025
Horário: 20 horas
Local: Edificio Itália, 42º andar
Endereço: Avenida Ipiranga, 344, Centro.